"Combateremos a sombra", de Lidia Jorge, é mau de mais para ser verdade.
A acção - se é que acção podemos chamar ás deambulações psicanaliticas de um clinico, que dá aulas, não se sabe aonde (mas neste País todos dão aulas, não é?) com uma paciente chamada Maria London - um nome muito comum em Portugal, não é? - localiza-se entre o Jardim de Santos e a Assembleia da Republica. São Bento.
Quando a personagem, Maria London, arrenda um apartamento na zona vê uma placa que diz "Vende-se Loft". (página 158) Exactamente! Aliás a zona tem muitas placas desta, da ERA, da REMAX, da Century XXI, não será?
A senhora escritora deve viver num outro mundo, mas não em Lisboa, não em Portugal. Ou então deve pertencer a uma classe social com códigos alterados, que vive em *lofts* mas não tem nada a ver com os portugueses e portanto deveria ir fazer literatura para Inglaterra.
Na página 88 diz: *estava a vê-la de costas, a vestir o mohair em silêncio*.
O mohair?
Ó filha, senhora personagem, você vista o mohair que quiser, mas o que será isso?
Quantos portugueses andam de mohair?
Não é pretenciosismo a mais?
Depois a dita acção é confusa, sem intensidade e perde-se em descrições absurdas, - a ida a Cascais do personagem Maria London, com o pai, sem dizer uma palavra em todo o percurso, onde este lhe oferece.... tamtamtam!.... um restaurante! ( emocionante, não é?) que ela rejeita partindo uma garrafa de vinho na chão - sendo o mais próximo de um enredo policial o facto de um barco de cruzeiro atracado na Rocha de Alcantara, não constar dos mapas de chegadas e partidas, ao Porto de Lisboa, no jornal *Público* e num outro jornal, de que já não se menciona o nome.
Que problema, não é? E logo o *Público* não trazer esta informação. É mesmo caso de policia?!!!
É por isto que a literatura portuguesa não tem leitores, nem deve ser escrita para ter leitores, é apenas para os amigos.
Vou tomar uma aspirina para ver e o loft me vai para baixo.
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