Vem do alto das montanhas e enche de sorrisos o rosto das crianças
Tudo à volta é selvagem e desconhecido, pleno de luz e corpo novo
São as trovoadas do inverno a substituirem-se ás gentes que houve
Nas ribeiras que agora crescem sozinhas e desaguam em futuros novos
O frio, e a geada são companhia. de manhã em espesso nevoeiro.
À tarde em dourados bailes nas folhas verdes do etéreo calendário
Onde estão as gentes da beira-serra? Onde desapareceu o moinho,
O lagar, a azenha, as pedras de xisto empilhadas com o saber antigo?
Onde estão os avós e os que antes desses foram nossos pais?
Apenas ficou a natureza e a sua generosa brutalidade despida.
Um sol clarissimo embala toda a serra que cria a ribeira e os poços
Onde os chãos fermentam vida e apaziguam lumes ancestrais
Não se ouvem outros cantares que o silencio que a água cria
E a alma de quem se atreve fica mais velha, mais triste, mais só.
Perdida nos gostos de outrora, como se o mundo fosse hoje
O absoluto, obscuro, e estupido abandono de todo o sagrado.
E tudo descansa na tranquilidade da paz que é nada!
(beleza, dirão, pois que seja, mas que os meus olhos a vejam)
E o mundo segue perfeito, mais uma vez, no rosto de uma criança
Bamboleante no rastilho de uma estrela magica adormecida.
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