Pequenas opiniões sobre quase tudo que servirão para quase nada
Quinta-feira, 19 de Janeiro de 2017
Um livro que não existe! (ainda)

a invasão do norte.1.jpg

Entrevista aos autores do livro:

“Antes Quebrar que Torcer”- 1809 A invasão do norte de Portugal

 

Um livro que não existe (ainda)

 

  • Porquê a segunda invasão francesa, e não outra, das três - ou quatro - que houve em Portugal no século XIX?

 

  • Jorge Santos:

Encontro sempre inspiração para escrever sobre os episódios da nossa história, que é tão maltratada. Mais do que uma sucessão de actos políticos e de alterações sociais, tento sempre responder, da melhor forma que me é possível, à pergunta sacramental: como é que as pessoas viviam nessa época, e que implicações trouxe para o Portugal do Presente. Esta amálgama de culturas que é o nosso povo não se formou do nada.

Neste sentido, porque sou residente na região de Braga, interessou-me perceber o que aconteceu durante a passagem das tropas napoleónicas na nesta cidade. O que descobri, provou-me a validade do projecto. Relembrar estes acontecimentos é importante para percebermos um fragmento da alma do Português em geral e das gentes minhotas em particular.

 

             1.2 Carlos Arinto:

É uma invasão estrangeira, em Portugal, que espelha bem o norte e as gentes do norte. Normalmente fala-se na “tragédia da ponte das barcas” mas esquece-se o resto. E o resto é muito.

            1.3- Manuel Amaro Mendonça:


Confesso que as Invasões Francesas, em particular a segunda, que teve como alvo o Norte de Portugal, sempre me interessaram. Desde criança, a visão da lápide das vítimas da tragédia da ponte das barcas me fascinava. Nasci em São Mamede de Infesta, o local onde se estabeleceu o acampamento das tropas francesas e conhecia uma casa onde estiveram aboletados alguns oficiais. A ponte romana, conhecida apenas por “Ponte de Pedra”, foi local de passagem das tropas a caminho do Porto. São referências mais do que suficientes para despertar o meu interesse e paixão.

            1.4- Suzete Fraga:

Eu estou inocente, juro! Só aceitei o desafio que me propuseram. No entanto, o tema agradou-me imenso, não só pelo desafio em si – logo eu, que apenas gostei de História quando cheguei à parte da civilização egípcia e os seus métodos de embalsamento dos faraós -, mas também pelos danos colaterais que sofremos, muito particularmente o saque e destruição de património  no meu concelho e arredores.

 

 

  • Sendo o assunto, apenas um. Um facto histórico conhecido e bem documentado, qual o interesse em escrever literatura sobre este tema?

 

2.1- Jorge Santos

Relembrar o passado é fundamental para sabermos quem somos. A arte é uma forma de expressarmos a nossa memória e a literatura é a única forma de arte onde consigo fazê-lo com um mínimo de competência.

             2.2. Carlos Arinto

A literatura revive o passado e mostra lados desconhecidos. Recria outros e tira conclusões que nem sempre estão à vista de todos. Até porque o tempo vai permitindo melhorar a forma de olhar o passado, hoje tão modificada, pela natural evolução da arqueologia, dos testemunhos e da teses apresentadas, que permitem uma visão mais perfeita e consciente do que houve.

            2.3- Manuel Amaro Mendonça

 Não se pode dizer que é um facto bem documentado. Há realmente muita coisa escrita, mas também altamente contraditória. Há relatos de portugueses, franceses e ingleses. Se concordam no essencial, houve uma invasão, uma derrota e uma retirada, diferem no número de vítimas, nos atos e na importância dada aos mesmos. De resto, não falta sobre o que escrever, a maior parte dos livros sobre qualquer uma das invasões, estão centrados “na tropa”, nas operações militares e esses relatos diferem imenso dos relatos ingleses para quem os portugueses não tiveram senão um papel secundário. Para mim, a segunda invasão, foi “a guerra do povo”. Na maior descoordenação, típica da falta de treino militar, o povo português viu-se sozinho a enfrentar o exército mais poderoso do mundo, uma vez que a maior parte da tropa que sobrou da desmobilização de Junot, encontrava-se no sul a defender Lisboa… com os ingleses. Foram basicamente as milícias mal treinadas e mal armadas, o povo, armado com o que podia e até os clérigos, que deram luta e disputaram cada quilómetro com o inimigo. Quando o exército inglês chegou ao Porto, já Chaves, Braga, Guimarães, Porto, Penafiel e Amarante sofriam a selvajaria do invasor.

 

         2.4- Suzete Fraga:

Agora, depois de “burra velha”, é que encontro nestes pedaços de História grandes lições de vida.  É com o passado que podemos evitar erros no futuro, daí a sua importância vital investigar e escrever sobre o assunto, ainda que, em tom de brincadeira.



carlos arinto maremoto às 16:31
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