Presságio?
Capicua?
Está um bonito dia de sol.
Harmonioso.
Confortável em temperatura.
Risonho nas nuvens
Que andam lá pelo céu.
Tudo está molhado
Porque ontem choveu.
As crianças Batem com os pés
Nas poças de água
Que encontram pelo caminho.
Outras, jogam com uma bola.
Amo Fevereiro com os seus cheiros
A liberdade,
a paisagens doces
A mulheres sentadas nas esplanadas
Da minha cidade.
Até para o ano
Em 12.12.21
Mas já não é a mesma coisa.
Falta-lhe capicua.
Falta presságio.
Falta elegância na raiz quadrada
De uma tarde de sol
Junto ao Tejo,
De uma orvalhada nos campos
Tolhidos pelo frio do inverno
Que ainda avança e cá está.
Por essa luz intensa que transforma a vida
Em magia, em delírio, em êxtase
Como um carnaval suave
Por essas mulheres escondidas
Por detrás de óculos escuros
Que mostram seios
como ovos de chocolate
Pernas como avestruzes
Rostos de santeiros e bocas de pecado
Dedos esguios em serpentinas
tâmaras em vez de unhas
segurando elipticas
Chávenas de café.
Consagro a minha razão de vida.
Será pressagio
O sumo do diospiro
O escorrer do limão
O caudal libertador
(Depois do degelo)
Da efluvia manga espremida
E do sugado ananás
Que serpenteia pelos teu corpo
Em mel e fermento.
O dia enfeita-se
Escorre silencioso
E se transforma
Em único.
Importa repetir
02.02.2021
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