Incendeiam-se as tardes, que ainda são de inverno
E um nevoeiro cresce na silhueta das luzes frouxas dos candeeiros
Enquanto uma chuva, miudinha, espalha borra e cinza
Sobre as cabeças dos poucos que arriscam andar na rua.
Um éspelho de águas geladas mostra o rosto granitico
Que esculpido nos caboucos das fragas já lá estava
Ainda a ribeira e os poços não eram nascidos.
Sim, tu és muito anterior ao dilúvio à glaciação à natividade.
E agora que é verão, e que as águas voltaram a descer
O cabelo amadurece e as trelicias dos teus olhos azuis
São muxarabiês como velas de barcos a nevegar no Tejo da latinidade.
Amo-te, porque te vi nascer e na beleza do cristal te beijo.
A noite cobre o sagrado manto da nossa liberdade
E voando sobre os telhados de Lisboa adormecemos
Porque o nosso destino é estar no infinito.
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