Custa sempre dizer adeus
por isso me afasto das despedidas.
Sou água, sou vela, sou sombra!
Há adeus definitivos que mogoam muito
outros mais suaves que sabemos
Serem pouco duradouros, quase falsos
Adeus de circunstancia e de ausênsia
Como se dormir e sonhar fossem naturais
Na perenidade do tempo
Um estilhaço, um hiato, uma bofetada.
Aceno com adeus de risos mansos
Nos aguaceiros da incerteza
Até sempre, sabendo que o sempre não volta
Nem retorna a ser. Foi, acabou, apagou-se
Extingui-se. Outra nova coisa será.
Nunca a mesma. A vida segue adiante.
Também não acredito na morte. Por isso
Todo o adeus é uma mentira.
Retornarei em todos os que me quiserem
Nem o ano tem fim, nem a vida:
Apenas mudamos de aconchego e de luz
A luz se amortiça numa rede de cadeados
O ano se escoa na firme decisão que acabou
E o crupusculo dará lugar ás árvores nuas
E aos gelos da madrugada.
Alimento o sonho pensando em vidas anteriores
Se é que as houve, que não sei nada!
Alimento o sonho em vidas futuras, que podem ser
Se forem capazes de nascer e de se tornarem
Realidades!
Quem sabe se do fim há continuidade
(As aguas voltaram a descer pelas ribeiras
Fragas despejam caudais sem juizo)
Quem sabe se do fim há continuidade
Quero-vos dizer que não é caso para tanto.
Explodir, sim!
Mas devagar!
Tenho risos e tenho memórias
Tenho tempo que sobra e artérias fracas
(rechega no xisto e nos socalcos da vida)
Toda a sistólica é lua, leite, linho e luta
Altar de céus e firmamento. Punhal!
Nuvem traiçoeira.
Troveja, faz frio, há neve e geada
Gordo, gordo é o capão.
Belo arroz-doce
Bela canja.
Peru e perfume de cozinha
Onde fritos se misturam
em orgias de preferências,
com açucares e ovo.
Explodir sim! Mas devagar!
O amor é remédio.
Mel, ocarina, missa.
Mil gargalhadas em
Engomadas tardes.
E nisto...
A cidade adormece
Numa girandola de estrelas e riscos
Quero filhoses.
Quero-vos dizer que (isto) é caso para muito mais.
Hoje e todos os Natais.
A água, sempre a água.
- Sim, é por isso que os cientistas se preocupam tanto em encontrar água nos planetas que descobrem.
- Mas tanta chuva já é demais.
- A chuva nunca é demais. É como o amor ou a preguiça.
- Que comparação mais sem sentido.
- O mundo faz-se com a preguiça, uma camada de emoção e muita chuva. Bem sabes que “verdes são os campos da cor do limão”.
- Para além da luz, do sol e da vontade.
- Filosofas! Diz um. Gregos sentados ao luar, sobre as rochas de um tabernáculo, diz o outro. Que alguém nos acuda!
Gregos ou Judeus?
João e José olham despreocupados o horizonte.
Olham as ruinas de Harappa.
Mil e cinquenta e seis cidades desaparecidas depois de um período de grande florescimento. Há mais de seis mil anos.
Não, não foi ontem, nem foi de um momento para o outro.
É muito mais do que uma faúlha.
Os desaparecidos, sem explicação sempre fascinaram estudantes, companheiros, homens sem casa, arqueólogos, curiosos, desocupados. Um pouco de cada coisa um pouco de tudo e no fundo – como sempre é – nenhuma coisa que se possa colocar em palavras.
Apenas fascínio.
Quando os desaparecidos são civilizações…
Assim, são João e José. Nomes, nem bíblicos nem artísticos, apenas nomes.
As palavras surgem como que por magia.
- Palavra do Senhor!
Ouve-se, mas não se acredita.
Se o senhor tivesse dito aquilo eu teria ouvido. Eu, estava lá.
A blasfémia não tem sentido, é um conceito inventado pelo Homem.
Aqui, em Harappa, onde as palavras escritas ainda não existiam, a palavra dita deu origem a uma religião.
- Sim a religião Védica! Mas como comunicavam eles entre si?
- Há tantos mistérios por desvendar… não sei!
(nunca se diz não sei, revela falta e ausência de conhecimento, o que não é conveniente. Quando não se sabe, inventa-se)
- Neste lugar, a cabeça de um parafuso terá gerado uma dolina, depois um micro clima, uma conjugação de sorte e azares criaram a harmonia.
- Sim a água escorria pelas valetas, havia esgotos e piscinas para banhos. As casas eram abastecidas. Os espaços públicos largos e semelhantes, uma sociedade sem castas…
- Onde as castas, agora florescem. Uma coisa e o seu contrário sucedem-se no tempo, durante o tempo, através do nós.
- Aqui, há nove mil anos já havia a roda.
- Sim o clima é um factor de mudança, de desenvolvimento e de retrocesso.
- Repara, naquelas rochas, naquela vegetação. Quem diria que por ali já correu um rio?
Cabras pastam na mansidão do espaço seco.
Tudo em redor é secume. Existem pequenos oásis, mas do sítio onde estamos não se avistam.
Não se descobre pastor.
A terra é grande e seriam precisos dias para a percorrer, mesmo em veiculo todo-terreno. Isto só para circunscrever uma zona que pode ter sido a dolina.
Nada é certo. Quem tem certezas, tem mais incertezas acerca de tudo, do que os que questionam.
Afirma, para depois duvidar, melhor seria que duvidasse primeiro. Assim fazem os nossos actores, quais declamadores em palco, pois nem figuras míticas, históricas ou actuais são.
Dois pobres actores desempregados que emprestam rosto, corpo e imagem a um experimentalismo cénico.
Há livros numa estante sobre Mohenjo Daro. Teorias. Apostas, discursos arqueológicos.
- O rio secou há muitos anos. Saravasti era o seu nome.
- Sim, foi possível radiografá-lo do espaço. Descobrir-lhe o percurso e as cidades que se foram erigindo na sua passagem.
- Hoje tudo é possível.
- Quase tudo!
A vida é sempre igual e aquele dia não seria diferente de todos os outros.
Parei o carro no alto da serra e olhei para os montes em redor.
Havia cinzentos e castanhos, folhas secas em tapete no chão, estradas a cruzar todo o percurso que os madeireiros necessitavam para fazer a sua vida de trabalho.
Ao longe as eólicas.
Pequenos tufos de verde rebentavam aqui e ali. Eram manchas no meio de nada.
Numa enseada casas ardidas, sem telhado.
Pedras a lembrar paredes, abrigos e lares.
Os eucaliptos pareciam ter ardido apenas pela metade, nas copas verdes, no tronco queimados. O mesmo acontecia com diversas zonas de mato, que ardendo havia desaparecido, mas cujo fogo não atingira as árvores que no mesmo sítio cresciam.
O fogo ali, havia sido rasteiro, não menos mortífero.
Ao fundo os muros de antigos socalcos tinham o aspecto de eiras carbonizadas, de vinhedos destruídos, todos com as pedras a desabar e os terriços a fazerem monte.
Senti, mais do que ouvi, uma trepidação ou um rasgar de vento e notei um objecto alongado a voar no espaço.
Não andava depressa, nem devagar.
Não era folha a flutuar, nem parecia nave tripulada, como se descobre nos filmes de ficção cientifica, quando se quer impressionar com o inusitado.
Aquilo tinha o aspecto um enorme charuto.
Era qualquer coisa vinda do espaço.
Do alto, lá de cima, não tinha aparência de ser daqui – era certeza.
Qualquer coisa que se havia formado fora do nosso sistema solar, da nossa estrela: o sol. Sim qualquer coisa que havia tropeçado numa linha invisível, ao descrever curva, para se afastar em direção à origem a muitos milhões de anos-luz.
Afinal estamos no cosmos.
O seu formato alongado não deixava dúvidas. Rocha, metais e cores fazem deste piercing algo raro e muito curioso. Talvez, até, valioso.
Tem cerca de nove metros em comprimento por, apenas dois em largura, calculo.
Silencioso, mas rápido, deixo de o ver e ao procura-lo já o encontro espetado no chão, no fundo da ravina, que dali desce até ao fundo das escarpas, onde ziguezagueia um regato que empossa sonolento.
É um monstro espacial e deveria ter causado devastação ao cair no terreno, estou em Chão de Meninos, onde só existe mato e socalcos. Mas não! Tudo o que se ouviu foi um baque surdo, um restolhar, um clarão mais fraco do que um trovejar.
Guardo as chaves do carro no bolso e desço pelas terras queimadas, sujando-me com as cinzas que existem por todo o lado.
A curiosidade é mais forte do que eu.
Ao investigar, porque o lugar, sendo perigoso, e abrupto, não era longe da estrada em que me encontrava, deparo com o mencionado “charuto” enfiado entre ramagens de árvores e um ribeiro com águas ferventes, talvez devido ao impacto do estranho objecto.
Parecia um tronco carbonizado.
Mais um, de entre tantos, que os últimos incêndios se haviam espalhado em redor, igual a outros que existem por todo o lado, deitados ao chão pelos primeiros ventos do outono.
À volta começavam a crescer pequenos cogumelos. Bombas atómicas? pensei!
Que disparate, se fossem bombas produzidas por átomos eu já estaria morto e não estou.
Parecem mais duendes com barretes na cabeça – que imaginação, com a devastação dos incêndios nem coelhos ou raposas havia.
A ponta que tocava na água modificava-se para amarelo. De gema de ovo escuro para uma tonalidade dourada.
Poderia ser ouro, o que via aparecer ali?
Na outra extremidade, o escuro tornava-se mais escuro.
Puxo do meu canivete e tento raspar a pedra, que para minha admiração se deixa cortar com facilidade.
Creio que chamam a este metal lítio.
As árvores ao meu redor escondem a descoberta.
Naquele baixio, que o fogo não consumiu, nenhum ramo foi tocado pela queda do misterioso asteroide, o que estranho. Tal volume teria de ter feito mossa maior do que fez, em tudo em que, obrigatoriamente, embateu, mas não há galhos partidos, nem rastos de destruição em redor.
Aliás, todo o “redor” onde escorre água por um regato que serpenteia vindo do cabeço, apresenta-se florido e com fetos verdes em rebentação.
Será que flutuou? Será que aterrou de nariz para o chão deixando-se escorregar por entre as árvores até se enfiar no solo, tombando na terra até se imobilizar junto á água.
Procuraria água? Estaria a beber?
Deixo-me escorregar até á ponta dourada procurando ver melhor o que se passa ali, caso algo seja diferente do que já observei, mas, rigorosamente, nada vejo além do reflexo que a luz projecta no dourado de textura rugosa.
Experimento com o canivete a superfície do tálamo e esta não se deixa riscar nem laminar.
O meu telemóvel começa a emitir um som de chamada.
Que diabo, que hora e momento para tocar.
Instintivamente abro o ecran e verifico que não é uma chamada de voz mas uma mensagem.
“Por favor afaste-se”
Afasto-me de onde? Quem diz isso?
Com espanto concluo que é o “charuto” que fala comigo.
Os chapéus dos cogumelos agitam-se para cima e para baixo mudando de cores.
Tudo aquilo me faz pensar num trombone ou num trompete a que caíram as patilhas e as tampas, numa varinha mágica da cozinha sem as laminas que arrancam e desfazem pedaços de leguminosas quando giram.
Dou um passo na retaguarda e sinto um impulso, quase empurrão na direcção do cimo do monte. Começo a ficar com o coração em sobressalto, a suar e com medo.
Tento controlar o pânico.
No ecrã do telefone aparece a palavra: “obrigado”.
O “charuto” gira sobre si e em movimentos graciosos emite um zumbido, não mais do que isso, quando se eleva acima do chão.
Primeiro a cabeça amarela, depois o resto do corpo escuro.
Num ápice já não está ali.
Sinto-me infinitamente pequeno e impotente.
Também já não existem cogumelos no chão. Não..espera, vejo um pequeno míscaro luminoso escondido debaixo de uma folha.
Ele também me vê, sinto-o, como se estivéssemos a olharmo-nos “olhos nos olhos”, então, esconde-se num buraco de bichos que existe por ali desaparecendo.
Nada a afazer.
Venho-me embora. Não tenho nada a fazer ali. Foi uma miragem, uma alucinação, devo ter escorregado e batido com a cabeça. Talvez! Talvez!
Ao chegar ao carro, descubro que deixei as chaves na ignição.
Podiam ter-me roubado o carro. Que parvoíce!
Podiam se por ali andasse alguém. Parvoíce é pensar que num sitio deserto como aquele alguém andaria.
Mas, aquelas chaves não são minhas, reparo com estupefação, pois as minhas e do carro encontro no bolso das calças, onde instintivamente as havia guardado.
As “chaves” que estão no carro são uma bitcoin.
Aperto-a com os dedos…
…e depois não me lembro de mais nada.
Carta de Ônfalo á sua amada princesa, num tempo em que já não existem anjos, querubins, morcegos ou raposas nem lugar onde os Homens pousem para “beber” e saciarem a ambição de serem divinos: A cidade tem mil buracos e outros tantos alçapões.
Meu amor,
Durante anos, sem interrupção, escrevi-te…” cartas de amor”.
Eram cartas simples, sem muitas palavras, apenas cartas que numa frase, num suspiro, numa lembrança, faziam o necessário – o possível e a desarrumação - para te dar a conhecer que o amor não tinha morrido. (como dizem os poetas e os apaixonados que não sabem viver no mundo real dos ódios..o amor resiste)
Foram anos de lembranças em que o amanhã era igual ao hoje, mas o ontem iluminava a minha vida.
Escrever, tendo deixado de ser moda, foi persistência e retorno ao mais querido e sagrado das nossas lembranças comuns, e com essas lembranças em turbilhão, me renascia – todos os dias, todos os anos - para te confessar o amor: “O meu amor”!
(Nada diferente do que os amantes costumam fazer* vulgar, primário e instintivo* – tudo isso que possas imaginar num homem comum e insuspeito de actos criminosos ou aventureiros – que apenas sente a ternura e o desejo, titubeio de geodésico marco em dia de tempestade)
Numa palavra, num gesto, numa memória sonhava ter-te.
Dar-me, oferecer-me, possuir-te!
Queria respirar-te. Iludir-me. Ser o cheiro e a alegria dos dias felizes.
Amar-te! No amor episcopisa da insanidade mais louca.
Todos os anos, em dia certo do ano, enviava-te uma mensagem, a que respondias sem vacilar na volta do carteiro: obrigado!
Sabia, pelo menos que existias, que estavas viva e que tinhas noticias minhas, onde quer que te encontrasses e com quem vivesses. Como fosses e existisses, como és.
E assim fui construindo o meu geóglifo de sedução e de pensamento, esperando que esse mapa fosse eco e chamamento de retorno e de caricia.
(não para repetir o passado, mas para viver o presente, que o ontem nunca curou ninguém, nem ressuscitou os que se afogam na vida)
E os anos foram passando, sem outra modificação que essas palavras: amo-te! Obrigado!
Hoje, ao repetir o gesto e a ousadia, fui apanhado na cilada.
- Quem és? Perguntaste.
Anos, séculos, inumeráveis dias e noites, por um nome, por um nada!
Deixo-me arder na paixão e morro sem pronunciar o teu nome que faz a minha desgraça de inconsolável amante desprezado. Que vulgaridade! Que barbárie! Que exclusa!
Não respondo.
Não sinto nada. Esqueci-me do que queria dizer. Não me lembro de nada!
Para o próximo ano, vou repetir “amo-te!” como se o mundo se rejuvenescesse e tudo fosse a primeira vez. Sempre o reacendimento sem explicação, como num fogo e numa vida.
Tudo e nada sou: o caminho, sempre o caminho, num rasgo de claridade e de solidão.
(Não se pode explicar as intermitências do amor nem viver na contraluz)
Os primeiros vinte anos, foram passados á procura da ideia original e ampla, que lhe permitisse poder depois esfrangalhar os horizontes e rasgar as minudências de uma imprecisão. A imperceptivel presença de uma pulga a estragar o percurso das águas da escrita, que devem escorrer sem obstáculos ou a tomada de posse, numa zona da floresta, por uma manada de elefantes em fúria, tudo era possível emendar, riscar e melhorar para que não houvesse duvidas sobre o dito e pretendido dizer.
Fez arquivo e foi inventando tudo o que havia para inventar utilizando todos os truques que possam ser permitidos com ousadia de manter uma coerência.
Ao encontrar o “estado perfeito” da límpida nudez do primeiro e inicial escrito Américo Barroso começou a torturar as palavras, os textos, as imagens e os mapas gráficos onde inseria o documento universal de pegada que haveria de deixar para os vindouros.
Se vindouros houvessem.
Pela ordem “das coisas” haveria, mas isso não era preocupação sua. Se os vindouros não chegassem a existir a sua escrita manter-se-ia com a função do nada, como agora acontecia, já que ninguém lera os textos e as histórias que escrevia.
Fazer o mesmo, sempre, em escalas desiguais, acrescentando ou diminuindo o pormenor, trocando tabuinhas por plásticos, celofane por papel pardo e misturando as ementas para gostos diferentes ou possíveis.
Sempre criativo. Pode-se dizer que foi sempre criativo.
E um sucesso. A palavra sucesso dizia respeito apenas a si, mas que lhe importava.
Então, após o seu falecimento prematuro – morreu com quarenta nos, por um tumor vesicular, a acreditar na certidão de óbito – os seus “papeis” foram entregues aos herdeiros.
Estes, que não esperavam nada de bom da fortuna do pai, que sabiam inexistente, fizeram vista grossa e ignoraram o testemunho.
Nunca a escrita, os livros ou a arte dera comer a ninguém, diziam.
Outros eram de opinião de que se deveria dar a ler os “escritos” a quem soubesse avaliar a possibilidade de ali estar tesouro que valesse ser preservado e que o nome do progenitor pudesse ter simpatia nalgumas ramagens do grupo de cidadãos da aldeia, que eram o mundo dos sábios.
Américo Barrosos fora cauteloso e guardava o seu génio criativo como se preciosidade fosse.
Por isso, encadernou cada escrito em embalagem diferente e espalhou as mesmas por diversos cofres de armazenamento.
Em envelopes, em pastas de cartolina, em “canetas” informáticas, em sobrados de prateleiras de cozinha, nas estantes – evidentemente – em cartolinas coloridas e peles de borrego tratadas, á maneira antiga, como embrulho.
Mas nas arrumações e nas mudanças que sempre acontecem quando o dono da casa desaparece, muito se perde.
E neste caso, que não é único, perdeu-se tudo.
Quando procuraram encontrar que mostrar, para uma leitura apressada, apenas encontraram invólucros vazios, sem conteúdos. Letras no fundo de latas de legumes secos, assim como massinhas para a canja de galinha – que a mulher fazia pelo Natal – qual sopa de alfabetos.
Onde estava a originalidade de um conto que não pode ser lido?
Começava em África e depois falava-se do oriente. Dizia-se dos além oceanos e descrevia povos europeus e tribos que viviam na era do gelo.
Filósofos, dramaturgos, poetas, aventureiros e mitos, compilados por um concilio de que só Américo Barradas conhecia a data da celebração.
Guerras e emoções, desastres, descobertas, provas cientificas e tudo o que a humanidade tinha vivido eram poeira, nas histórias de Barroso. O leitor "atento" tardava em chegar, só ele descobriria a magia de transformar o encantamento em literatura.
Sobrou um "pau de canela" enrolado como a Tora que está exposto no frontespicio do chafariz, com a legenda: oferta de beberagem: todo o conhecimento faz sede.
-Parece-me mais o torniquete de um saca-rolhas antigo. Diz alguém.
- Talvez!
Tudo em literatura é possível.
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