Este ano, 2018, é atipico.
Fica bem dizer isto assim.
podemos recorda-lo mais tarde
Quando for mencionado
Substituido por outros atipicos
Anos, décadas ou séculos.
Recordo que o tipico:
É esquecer!
Se me lembro, haverá razão.
De quê? Não sei!
Tomem nota. Este ano vamos ter
Boas colheitas.
Prémios fabulosos e sorte. Sim,
É preciso sorte.
A nossa fortuna é sorte
Na saúde e na doença
Tudo o resto é economia
Finanças e outras teorias
Que não sendo importantes
São moeda e notas,
Dinheiro.
Ah! O dinheiro.
Sobre isso é proibido
Falar!
Muito menos escrever
(Já ouço o policia
a bater-me á porta)
Atipico sou eu
Que não tenho dinheiro
Nem medo da policia.
E depois,
Apareceram muitos em solavanco.
Era uma tarde como as outras
Um dia igual.
Já havia chovido de manhã.
No douro corria-se uma maratona
Em Óbidos a água entrava na lagoa
Vinda do mar.
Era uma tarde como as outras.
Chegaram poisando, emergindo,
Cheirando o ar, tateando,
Como todo o estranho olhando em volta
Como os intrusos, dissimulando-se.
O mundo foi ficando assim.
Com os drones, podemos ver os montes
Os vales e os rochedos agrestes
Numa perspectiva diferente.
Podemos, até dizer que isto não é poesia
Mas, tudo avança em solavanco.
Todos os esforços são vãos
A compensação financeira ou moral
Não existem.
Os esforços são suor, musculos retesados
Dor nos rins e palavras gritadas.
Esforcamo-nos porque queremos agradar.
Temos necessidade de conforto
De carinho, de reconhecimento.
Temos necessidade de amor!
Mas o amor extinguiu-se algures
Na média idade da evolução e morreu
Foi pena, chorámos muito, mas nada
Trouxe de volta o amor, nem a paixão.
Foi pena, poderia ter sido salvação...
Foi apenas um acaso, uma bofetada
Um tempo de azar e de meditação
Foi apenas uma coisa que houve
Aconteceu e na maravilha do ser, foi!
Tenho trovoada no corpo
Uma lança de um som de violino
Uma faulha de um saxofone
Um silêncio de arte periférica.
(não aquela que os cidadãos louvam
e os governos apreciam, mas a arte
depois da arte e dentro e para além
da beleza, do caos e da perfeição)
Tenho a liberdade das plantas
Na sua folhagem sempre verde,
Sempre igual.
Infinitamente apáticas. Multiplas. Simples.
Hoje, esforço-me pela felicidade
Que será serenidade e pensamento.
Quero correr o mundo
Tenho vontade e coragem
Mas falta-me o dinheiro
(que é coisa que nunca
Se diz em publico,
Nem em poesia)
O mundo corre-se a pé.
E por este querer me fico
Sem abandonar o sitio
Onde estou.
Fica apenas o desejo
E a ilusão de que o mundo
Corre num ecrãn de televisão
São os tempos em que tudo
Chega pelo ar em imagens
Até os cheiros já sinto
No lugar onde me sento a ver
(o mundo)
Fecho os olhos e adormeço.
Mergulho nas águas do
Pacifico sul (geladas) com rajadas
De marés vivas e nuvens enfunadas.
Ou nas Caraibas, aquecidas.
Esqueço-me de quem sou
E bebo um sumo de laranja
Adeus mundo
Nunca aqui tinha estado
É bom ter acordado.
1. A poesia é diferente dos outros generos literários que usam a palavra para comunicar.
2. A poesia caracteriza-se por uma cristalização do conceito, pelo ritmo e pela objectividade com que se exprime, utilizando palavras que possuem perfil assertivo para comunicar o que se quer dizer.
3. A poesia abarca todos os temas da humanidade. Não é exclusiva do amor, mas tem nos sentimentos e na concepção do belo e da harmonia a sua base de construção.
4. A poesia é construida por versos, cada um, um poema, por ideias, conceitos e interligações que pretende refletir, dar a conhecer e explorar o homem universal, em cada época histórica da vida.
5. A poesia tem por missão dizer o que cada um sente, vê, observa e conclui numa estética intimista e universal. (em forma interpretativa disfarçada pela máscara da linguagem e utilizando todas as ousadias linguisticas que permitam ao leitor deleitar-se com o maravilhoso e o impossivel)
A. Porque se escreve? Para criar a ilusão de que a palavra é a criação do criado.
B. E a poesia é? O átomo do mundo. A essência das coisas criadas. O espirito, a quem alguns chama alma, da perfeição.
Nunca fui ao Brasil.
Sei que é "logo ali"
Ao cruzar do mar
Mas nunca lá fui
Nem sei navegar
Para lá chegar.
Porquê?
Não sei.
Não aprendi
Fiquei na praia
E assim, fiquei
Só!
Depois o Brasil
Chega-me
Em entoações,
Em versos,
Em ritmos,
Em cores.
Vendendo a alma
A cachaça,
Os condoblés,
Os turismos.
O Brasil chega-me,
Mas eu,
Não chego ao Brasil
Que é longe.
Não chego ao Brasil
Que é muito
Não chego ao Brasil
Que é mundo
Sou Brasil
Sem sair de mim.
Nos orixás da preguiça
Sou latino e africano
E todo o mundo
Que fala português.
Sou Brasil.
Atrevo-me a pensar que a vida
É diferente.
Diferente do quê?
Do que nos ensinaram.
Do que nos quiseram fazer acreditar
De um jogo de futebol
De uma tarde na praia
Do que nos quiseram vender
De uma aventura contada em livro
De uma musica famosa
De uma bebida energética
A vida é diferente!
É coisa nenhuma, somada a tudo
Que houve em excesso, que faltou,
Que não teve tempo para ser.
Pode um sonho ser sonho, quando
Não se sonhou !?
Atrevo-me a pensar que a vida
É luar.
Também nos mentem acerca da morte
Que sabem "eles" disso?
Tudo está construido para nos enganar
Quero nascer amanhã, noutro lugar.
Olho a manhã e acredito que o dia será
Sempre eterno, semelhante, belo.
A luz, perfeita no seu saltitar, jorra suave
Ainda hesitante, mas depressa será
Enxurrada e maremoto, tudo inundando.
De luz, passará a calor e a tufão incendiário
Consumindo as terras que não se vergam
À sua vontade e persistência
Fazendo crescer matos, frutos, rosas, cereais
Tudo que louva o sol e alimenta a vida
Resiste fermentando, resiste na luta,
A luz será àrvore, doce, abelha, pássaro
E no mar se reflete o seu nunca acabar.
Em poucos dias, os homens insatisfeitos
Pedirão chuva e encherão as praias de peixe
Preparando-se para outra forma de viver
A luz que se foi consumindo, porque nunca
O mundo está quieto, irá dar tréguas e poisio
E será auréola diferente, mansa e grata
Deixando os chãos sequiosos do seu retorno
Agora que se fez praia-luz, mosto e cume,
Vaza-se, puxada pelos astros
Para um canto sombrio do universo
E, para nós, parece que arrefece.
Mas, a luz não se apaga, apenas esmorece.
O tempo vai indo, andando, voando
Como se não existisse
Sem cansaços, sem pausas sem razão
Como se não existisse
E fosse uma ilusão.
O tempo prolonga-se para lá do tempo
E nós, que sabemos que somos um tempo
Uma soma de tempos
Não conseguimos agarrar uma fracção
Um breve momento, uma canção
Porque todo o tempo nos diz que já passou
Que já é recordação.
E se lhe falamos do tempo á frente
Encolhe os ombros, disfarça
Diz que não sabe que tempo tem.
Neste tempo, como em todos os tempos
Somos nós o tempo, somos nós a lição!
Na fotografia fica o instante.
No video o movimento, o sorriso
O olhar desconfiado.
Estamos todos ali,
Uns sentados, outros de pé
Lembrando tempos de felicidade
Porque só se guarda o momento
Quando somos felizes.
Muita gente à mesa.
Alegres, cansados, traquinas
A avó, os tios, netos e irmãos
Os pais sempre em frente
Escondidos no meio
Orgulhon de uma familia reunida
Por laços e vidas indestrutiveis
Muita gente à mesa.
Como depois estarão
Nas cerimónias da vida
E nos funerais que serão
Impossiveis de evitar.
(Resignados assistimos
Impotentes e em desespero)
Voltamos à mesa para festejar
A familia num retrato
Alguém acena, tudo se compôe
Encenando a pose que vai
Perdurar até o mundo acabar
E tudo fica.
No voo da manhã
Todos os pássaros são iguais
Quando saiem do ninho.
Trazem ainda penugem
Uma sede de universo
As pernas frágeis e olhos
Cheios de aventuras
As asas molhadas
Pela luz da madrugada.
Gosto de pássaros que chilreiam
De cantos, de melodias, de silêncios
De experiencias e de ousadias.
Pequenos seres que começam a ser
Onde, ontem, não existiam.
No voo da manhã.
Começa a vida inteira
Comigo presente
Poisando aqui, poisando ali
Até que um mais aflito
Voa até ao infinito.
Fico, com um sorriso
A vê-los voar!
A vida é uma chatice.
Perdooem-me os iludidos
Que descobrem rosas
Luzes e maravilhas em tudo
Mesmo quando tudo
(mas tudo) corre ao inverso
Do que poderia ser a vida.
A vida é uma chatice.
Diria o meu pai
desfalecendo
E como eu me arrependo
Por tudo o que não lhe dei
E como eu me levanto
Para o ver sonhar
Sentir, sorrir e amar.
A vida é uma chatice
Mas, todos os dias te quero
Junto a mim.
Ensina-me a viver!
Pega-ma na mão
Corre comigo na terra
Que será sempre nossa
Passearemos pelas ruas
De uma madragoa
Que será sempre jardim
E nunca (mas nunca)
Cama de hospital.
A vida não é uma chatice
Quando estou contigo!
Um poema pode ser feito na farmácia.
Pode! É receita para muitos males
Padecimentos e cura como cura a procissão
Ou um festival da canção!
Um poema pode ser como um campo de futebol
Ou um teatro espontâneo de uma celebração.
Já o autor do poema pode não ser poeta
É apenas doente, paciente ou inocente
Tem razão em vir á farmácia pedir sonhos
Verão e água termal, que ninguem se importa
É louco, já se vê.
Pode-se dizer que filosofa
Que sorri e faz galhofa
Mas, tem bom coração.
Um poema de alquimia é ciencia exacta
Gosto do cheiro da farmácia.
As ruas estão iluminadas com pessoas
Que percorrem os candeiros da estrada
Entre o claro e o negro, a sombra e a luz
Num calcorrear, para cima ou para baixo,
Vigiados por câmaras de segurança
- E outros agentes da autoridade -
Sem um destino maior que a felicidade
Obtida pelo prazer de viajar, ver, ouvir
E conversar com amigos que (no meu caso)
Já não existem. Uns morreram, outros
hibernaram das coisas da vida, restam
Os sobreviventes da guerra e do passado
E com esses sou peregrino e sol
Camarada, soldado!
Já não há ruas desertas. Ainda bem!
Todas as ruas têm o passado de alguém.
Pão, azeite, dinheiro e alegria
Todo o ano.
Hoje "dia da espiga" em que o
Raminho de papoilas
E flores silvestres, faz tradição.
Quem se lembra?
Quem celebra?
Os mais velhos, dirão!
Espigas, ramos de oliveira,
Margaridas e videiras
Com a cor do mundo se faz
o culto a procissão
O desejo de casa farta
E a ressurreição.
Paz, alegria, azeite e pão.
Emergente é artista enquanto novo.
E depois envelhece
E depois vem outro e emerge.
É uma ondulação, uma chatice
Se nada do que existe permanece.
A discussão sobre o poeta emergente
é tão frágil como o sumo do limão
Uma bainha das calças ou um cão:
Servem de companhia e refrescam
Podem até ser consolação e fermento
Mas poesia não!
Era o dia. São os dias.
Tudo se comemora
E no namoro dos dias
Fica o desejo e a foz
Das vidas sem vida
Que foram dias
E já nem ligamos.
Numa foto parou o tempo
Noutra, ele (o tempo) lá está
Acordado a olhar-nos
A fazer-nos cansados
Numa memória continuam
A haver sorrisos, ternuras
Lágrimas, beijos, saudades
Era o dia. São os dias
Todos os dias
Que se vão tornando diferentes.
Outros dias
Que nos dizem que entre
O velho e o novo dia
Existimos nós.
Todos os dias!
Abra-se uma porta
Para que o sol entre
Deixem que a luz invada
Todo o meu corpo
E a alma (pode ver-se
à transparência que
a alma existe)
Deixem que a energia
(o respirar)
Se misture com o ar
E na volta de um vento
Levite sentimentos
Agradecimentos e
Ilusões - ou diamantes
Que são a verdade!
Depois da porta
Para lá da umbreira
O mar deste povo
Ontem, como hoje
Forte, viril e primeiro.
A porta somos
Numa asa de tempo
Num polvilhar de canela
Numa rama de acuçar
Numa falésia alta
Numa oliveira antiga
Numa cidade velha
A porta somos!
Avistar a grandeza que existe em cada um
Parecia-me impossivel.
Duvidava mesmo que essa grandeza fosse
Real, apenas a vislumbrava imaginada.
Mas, isso foi antes. Hoje tenho a certeza!
Se somos um somatório de mesquinhezes
Como podemos ser grandes e enormes
Nos sentimentos, na afeição, no amor
Na prática reiterada da amizade, como?
Onde está a grandeza de sermos humanos
Sem outro consolo que nós próprios
No mundo escuro das amizades e do amor.
Sim, a amizade é uma forma de amor
E o amor será uma amizade sob a forma
De vento, de furia e de tempestade.
A minha grandeza é ser pequeno. Minúsculo,
Frágil e indiferente...pois a turbulência
É apenas vaidade e vicio.
Fui feito para estar aqui num acaso
E num acaso serei o que quiserem
Porque o mundo é assim! Fútil e inutil!
Os meus links