Sentimos o mar e o vento alimenta-nos.
À vista dos que bailam, nas ondas, nas nuvens,
E nos cheiros de marés e peixe
As aves e os turistas transformam-se
Em mantas coloridas de iris infinitas.
Barcos, casas, ermidas, velas de voar
Areias que fizeram barco estrangeiro naufragar.
Onde a água desliza, abrindo poça
A luz crua ou a noite salgada são sonho
E as confrarias se bastam
No engalanar do júbilo de ser unica.
Dunas em movimento, perseguindo
Modificando, alterando a paisagem
E o curso do tempo a que resiste
Para se manter inical e pura.
Tudo aqui tem mar e oração
Agradecimento, benção, pedido de perdão
Pela lagoa cheia, perfumada,
Povo enxuto, terra abençoada.
E se em delirio, extase ou devoção
Quisermos ver o sol, basta estender a mão
Mar, planície, lagoa, serra, povoação
Aqui eu sou criança e criação.
O frio alastra
Percorre as ruas, o corpo, a cidade
E as pessoas, nos seus agasalhos
Curvam-se ao frio procurando resguardo.
O frio está firme em todo o céu
Envolvendo toda a foz do rio
A estrada, os dedos de cada mão
E os vidros opacos das janelas.
Nas cidades de prédios murados
E luzes fabricadas, o frio
É o que resta do sol antigo
(vejo paredes vazias e lençois de plastico
musica, futebol, noticias)
Um frio que abraça os telhados
E as profissões de rua
Um frio que gela - como lhe compete
Um frio que mata
Como nunca deveria ser
Um frio que arrepia e nos bate na cara
Um frio impiedoso
Aqui faz sempre frio em janeiro.
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