Um conjunto de estranhos bárbaros
Chegaram hoje a Lisboa.
São novos seres que despontam
Envoltos na fuligem do diferente
Convencidos que são gente.
O velho teatro abre-se para eles
E estes, extasiados, sentem-se imunes
Malditos, adorados e convencidos
Que são a fonte de águas milagrosas
Que nos gotejos se ira tornar caudalosa.
A sessão começa. Cai o pano!
Nunca mais se ouviu falar de coisa assim.
Um muro com pedras abre caminhos
O xisto lançado ao céu
Em formações geológicas antigas
Faz-nos mendigos
Somos o cinzel de nós próprios.
o teu olhar
a preto e branco
Longe -
na fotografia,
Não se sabe bem
onde? -
tira-me
a
angustia,
o
medo,
a
ansiedade,
e
o
terror
de te perder.
Porque,
nesse teu olhar
o azul
volta a ficar
azul
em tons de preto
e branco
como um
firmamento
Em tons de graveto
e solfejo de amor.
Todos os dias são os meus dias.
Não, o ontem, o hoje ou talvez o amanhã.
O meu dia é o agora, o sempre
A luz com sombras por onde namoro
(toda a luz tem sombras,
As nuvens estão lá para isso)
O caminho que trilho: umas vezes por aqui
Outras por ali. Onde der mais jeito!
Os sentimentos que uso para me alimentar
Sonhar, respirar ter vontade de mudar
Ou deixar que tudo continue na mesma,
Que o eterno já vem de longe.
O meu dia é hoje.
Vou celebrar com a dignidade dos velhos
Com a serenidade dos antigos
Com a amoção e o desejo de muitas lutas,
Conquistas e desejos de todos os novos.
Não sei se com poesia, musica, pintura
Canto, ou retiro espiritual.
Sei que será verdadeiro e total.
Hoje é dia.
Porque o dia também tem noite
( Repara como é bela a estrada
Transfigurada pelo luar,
Com recantos, armadilhas
poços negros e adversidades -
mesmo que não queiras,
esles estão lá
para serem vencidos -
Hoje é dia.
De dizer: Obrigado!
Por este dia.
Era um optimista.
Tudo era alegria, contentamento
Amor, felicidade
Era anti-depressivo
Nada o afetava, via sempre o lado bom
da intrusão, da violência,
Da imoralidade, da injustiça
A vida é mesmo assim - dizia
O sol e a lua
Os pássaros e as azinhagas
Os rios caudalosos
As mulheres bonitas de se ver.
Era optimista
Gostava de todas as experiências
De todos os tropeções que a vida dá
Nunca se queixou.
Quando morreu
Porque tanto gostou,
Quiz repetir a experiência.
Não sei se conseguiu.
Nunca mais o vi.
Não tenho como explicar. Quando chegámos ao céu (que alguns reclamam ser “o paraíso”) não estava lá ninguém. Ficámos surpreendidos, claro, é suposto ser um lugar com muita gente, muitas gerações de “boas pessoas” e outros tanto equivalentes. Poderiam ter saído para alguma missão, ou passeio geriátrico, poderiam, simplesmente, estar de folga, mas, não…era apenas um lugar sem cor, deserto, sem rasto de vivalma ou sequer ser que tivesse sido.
Duetos com João Dódio (exerto)
Ser àrvore ou ser pássaro
Durmo nos teus braços
Tudo e nada me tráz aqui.
Quero silêncio. Apenas silêncio.
Sei que estás aí!
Um conjunto de contos sobre um tema comum.
Carlos Arinto, Ana paula Barbosa, Manuel Mendonça, Suzete Fraga e Jorge Santos são os autores.
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