Meu amor
Enxombrado
Por tanto te querer
Por tanto te desejar
Sou cumplice
De mil vontades
Em dias presentes
Em tempos passados.
(sempre, todas as vezes
Que o mundo se faz
Que avança
Que volta atrás)
Possui-me nas velas
Do teu abraço
Leva-me a voar
Na chávega
Que me faz prisioneiro
Planar e morrer nesse olhar
Feiticeiro,
Nesse encantamento
Que emaranhado
Num mar de sargaços
De onde não é possível fugir
Me extasia.
Como um rio,
Ou o algar do vento
Que não se deixa
Agrilhoar
Afago sorrisos
No sal que perpetua
A sentença
De que o mundo
Nos é indiferente,
E nele somos excepção.
Únicos.
Verdadeiros!
( herdeiros que de longe chegam
Que para longe vão
- que excepções e regras
Sempre houve)
Sou teu
Sem dono,
Sem tempo,
Sem razão.
A noite
Era, toda ela, de lua cheia.
Um lobo, dos muitos que então existiam,
Uivava.
Toda a terra unida não era ainda nada,
Embora já fosse tudo o que depois
Viria a ser, separados os continentes
No puzzle que rasga as famílias zangadas.
Todos os sinais repousam,
Ou nem existem. O mar é uma tormenta
E toda a vida, do seu interior, se agarra
Aos cumes mais altos das montanhas.
Ter a ousadia do pensamento
É um absurdo.as florestas são lilases.
Os gelos existem, mas todo o ar é quente.
À noite, a lua, é toda ela cheia.
Não tinha sido inventada a matematica
Nem as outras ciências do domínio das artes
Ou da construção do Homem.
Eram apenas noites de lua cheia.
A chuva, que havia com abundância
Era apenas água que escorria do ar
E a vida não sofria de desgostos.
Tudo era fermento, colmeia, ninho
Abundância. E o mar
- toda a água e as suas conchas -
Eram felizes.
Hoje eu quero ser pangeia.
Sem dor sem sofrimentos
À espera da lua cheia.
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