No tempo em que a geada é rainha
Muitos poetas escrevem versos
Para se aquecerem na fogueira
Das faúlhas e dos seus abraços.
Nas palavras inventadas
Com a urgência da ternura
Do calor adormecido que desperta
E há-de explorir em mil faiscas
Em sol e em silencio
Os poetas procuram palavras
Para se aquecerem, enquanto,
Uma valsa que desce pelos rios
Vai surgindo, tímida, bruta depois,
Num batuque de aguas
Num frenesim de emergência.
E o frio desaparece.
Ficam saltitares de crianças
Risos, brincadeiras, jogos antigos.
Velhos enrolados nas salgadeiras da vida.
Àrvores em estilhaços
Fumeiros que preservam a memoria
Em palavras sussurradas
Noites de cristal esculpidas em luar
Agasalho de viver.
Palavras que os poetas inventam
Para combater o frio.
(não sei se resulta, se a receita é maior
Sei que me apeteceu dizê-lo, assim!
E eu, nem sou poeta)
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