Vou-te beijar!
Sou eu que te beijo
Ou és tu que me beija, a mim.
Temos de decidir.
Não podemos ficar assim.
Claro que resolves tudo
Dizendo
Somos os dois.
Um beijo só existe
Quando é partilhado
Dado, recebido,
Oferecido, trocado.
Beijemo-nos, pois,
No alvoroço do tempo
Que nos mistura,
Na troca que nos une
No enigma dos olhos
Que se confundem ao fechar
Na boca que se abre ao sonho
Do ritual que se inicia
Ao beijar.
Lá vai o galo
Que tem muito que contar
Bate o galo na galinha
Antes e depois do altar.
Galo que canta de galo
Sem ser ao romper da manhã
É mais pardal assustado
Do que galo galador,
É bicho mutilado, galo
Que palra, palrador.
O galo de crista arvorada
De garras lancetadas
Morre na cabidela do juizo
Que dele fazem os outros galos
Mais tenrinhos, mais fofinhos
Numa gala de convencimentos
Num tiro certeiro
Numa revolta no galinheiro.
Intervalo
Para o galo que à frente
Vai primeiro.
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