Mergulhei no sangue do dragão
E a floresta riu-se de mim.
Nada me faria ficar jovem
Eterno, imutável. Nada!
Escorri todos os óleos sagrados
Pelo corpo, e na cabeça
Nasceram-me pensamentos
Obtusos.
Fui ungido e embalsamado
Ficou o quê de mim?
Um qualquer pássaro sagrado
Voou indo pousar no dragoeiro.
Disse-lhe adeus, acenando
Voltei-me, revirei-me, aconchegando-me
E fui sonhar para outro lado.
Felizes os que sonham com a morte
O sonho do eterno é sempre um sonho
Adiado.
O fim fora cancelado.
A monarquia que eu queria
Tem manias.
Tem príncipes, princesas,
Herdeiros e outros cangalheiros,
Para além do rei e da rainha
Que são tutores
Militares, doutores,
Que vivem de favores
Acompanhantes, certidões
Facilitadores,
Sofrem com os amores
Entre caçadas e desgraças
Como só eles sabem ter.
A monarquia que eu queria
Não é esta. Nem a outra.
Afinal não quero nenhuma
Que não tenha a humanidade
Primeiro,
E a humanidade depois.
Uma monarquia das pessoas.
A monarquia que eu queria
É a monarquia que eu quero.
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