Pequenas opiniões sobre quase tudo que servirão para quase nada
Sábado, 29 de Fevereiro de 2020
Bissexto

Que mais posso hoje dizer-te

Senão Parabéns pelo teu aniversario

Bisexto. 

Que mais posso hoje desejar que saborear

O teu olhar de lua e serpente

Enquanto a noite e o dia durarem

Únicos, exclusivos e apenas possiveis

Em nós que nos amamos sem fim

Todo o ano, 

Em cada dia que o mês tem e o ano acrescenta

Por excesso... como um qualquer e vulgar

Acerto de contas ou regularização 

De Imparidades. 

Tudo foi habilidade inventada

Há muitos séculos

para que a concertação 

Funcione

e tudo se equilibre no eixo da paridade. 

(Enquanto tudo for o que é, e em possivel

Se tornar) , magicamente,

em pálido passado, de ajuste e consolidação. 

 

Um ano de glória, mesmo que todo o mal se junte

Nada vencerá o amor. 

 

 



carlos arinto maremoto às 07:06
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Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2020
Anúncio

O que se pode esperar de um anúncio?

Que anuncie, obviamente. 

Que diga ao que vem e para que serve

Que nos alerte, que nos previna, 

Que nos desperte a atenção letargica 

Ao consumir tanta informação. 

 

Que confusão, Maria. 

Pior que sargacos e algas em mar de enguias. 

 

Então fiquem a saber que no proximo

Fim de semana vai chover.

 

Fica o anúncio anunciado

Falta o fim de semana para ser

Certificado. Isto é... Logo se vê!

Logo se constata a verdade ou a mentira

Do prognóstico, a aposta calculada

Dos sacerdotes do clima. 

Entretanto, a bolsa desce. Cai! Emagrece! 

 

E os jogos seguem em frente

Desportivamente! 

Chuva vai, chuva vem. 

 

 



carlos arinto maremoto às 11:11
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Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2020
O regresso

Esgotadas as máscaras 

Terminados os festejos

E regressado de lados outros

Em sítios alguns

Atiro o passaporte para o lixo

E deito-me a ouvir os pássaros

E a salva de silêncios 

Que me oferece consolação 

Boas-vindas e protecção.

Aqui estou a salvo. 

Tudo e todos ficam lá fora

Aqui estou imune e inteiro

Aqui sou verdadeiro.



carlos arinto maremoto às 07:43
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Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2020
Telhados da minha aldeia

Casas com telhados rubros

Folhas, musgos, sinais dos tempos

Do gelo, do sol, da chuva, dos gatos 

Que sempre gostam de passear por ali, 

Dos pássaros que descansam

As sempre regressadas andorinhas

E alguns astros sem nome

Que do céu aterram nos telhados

 Em viagem entre vermelhas galáxias

Amarelos e roxos dourados véus 

Do profundo mais fundo universo. 

Telhados em cone, em pirâmide, 

Outros rasos como navios em porto

Telhados em escada e em redondo

Em caixa fechados em pétalas abertos. 

 

Casas com telhados de sangue

Devolvendo águas ao chão, às fontes

Como chapéus em escamas

Em degraus em bico de beiral. 

 

Pequenos olhos deixam entrar a luz

A noite e as linhas da vida

Que dispersas se acoitam e florescem

Debaixo de telhados cor de vinho

Cruzando destinos. Fazendo outros! 

 

 

 



carlos arinto maremoto às 07:57
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Terça-feira, 25 de Fevereiro de 2020
O sol posto

Nem gato, nem cão. 

Pássaros, também não!

Tenho apenas uma chuvinha

Que me molha a cara

Tenho uma vizinha

que em tudo repara

E muita perguiceira

Em dizer-lhe

Que se vá embora. 

Nem gato nem cão. 

Pássaros também não! 

 

Despede-se o sol

Adeus! 

Ficamos sós... 

Eu, o vento, o escuro, 

E a senhora

De que vos falei à pouco

De óculos pretos, 

Cabelo engomado, 

Blusa em botão 

Desabrochado. 

 

Porque não havíamos de dormir

Como gato, como cão 

juntos, separados, amigados, 

Iguais, conversados?

 

Ou muito simplesmente separados 

Que de amor não fomos infetados! 

 

 

 

 

 

 



carlos arinto maremoto às 18:40
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Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2020
Ciclone

Deixo-me ir com o vento

E viajo

Arrastado por sopros

Empurrado em supetão

Por impulsos

Em revolteio

Em planado voo flutuando

Por espaços rasgados

Entre o cimo e o chão. 

Deixo-me ir

E sou parte do vento

Da fúria, da tempestade, 

Da peregrinação

Do fuso, do remoinho, do tufão, 

Aqui, e em todo o mundo

Desaquieto-me e sem amarras

Tropeço, chocando comigo

Em contra-mão

(que também sou gente

Corpo, energia, puzzle de muitos

 Inventos... Construção) 

Em espiral como um parafuso

Tonto de rodopiar

E saciado de tanto viajar

Repouso finalmente. 

Vou, finalmente, descansar!

 

Não!

Vou reatar

Quero de novo viajar

Ir com o vento, ser faúlha

Fruto, folha, chuva

Terra, céu, ar. 

 

 



carlos arinto maremoto às 08:42
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Domingo, 23 de Fevereiro de 2020
No dia em que tudo começa

Tenho a serra

As neblinas madrugadoras

As águas frias

E a luz que emerge

Como alvorada

Em despertares de serena chegada

De mais um dia

Que me sorri com afetos antigos. 

Tenho a serra e a floresta

Os javalis e as borboletas

Como companheiros de aleluia

Os dias aqui, são sempre iguais

Ao primeiro.

 

A serra mostra-se

E o mundo recuscita

Num chocalhar de silencios

Em rochas imóveis

Em chãos abruptos

Em cortinas de água 

Em pássaros azuis que esvoaçam 

E tudo acontece. 



carlos arinto maremoto às 08:22
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Sábado, 22 de Fevereiro de 2020
Frio contado

O frio

Tem os dias contados, 

Solteiro, 

Desempregado, 

Nem as climáticas o salvam

(novas ciências 

De coisas antigas) 

Vai tudo de arrasto

Congelado 

Para o Verão. 

 

Esperem e verão.

 

Os que lá chegarem, 

Pois, ontem, morreram muitos

Que para lado nenhum

Irão!

 

Até os mamutes se riram

Da pretençao 

Ficarem congelados

Para a próxima glaciação. 

 

Contado

Ninguém acredita

Fica o frio

Do coração. 

 

 



carlos arinto maremoto às 08:14
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Sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2020
Tenho 2 pés

Não basta ter um sapato

São precisos dois

Porque tenho dois pés. 

 

Mas ter 150

É lombriga

Insulto

E doenca

A precisar de tratamento. 

 

O meu pé

Um de laranja

Outro de lima

Não serve

Caipirinha

Serve de tiçao

Para escrever

Isso não!

 

Acreditem que foi assim que o mundo ficou descalço 

Gente que esbardalha não é gente que trabalha,

São mulas de exibição, para se mostrarem na televisão. 



carlos arinto maremoto às 07:32
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Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2020
A última ceia

Ponho a toalha na mesa. 

A faca e o garfo,

O guardanapo,

O copo para o vinho, 

Outro para a água,

O pão, 

O prato, já me esquecia, 

E sento-me a jantar.

Falta a comida, eu sei, 

Mas podemos simular 

Sem abusar

Que a comida não faz falta

Afinal, o que conta

É a intenção. 

O ritual. 

O resto é carnaval.

 

E foi assim, que o fotografo disparou

E ficámos todos na alegoria

Como se o tempo fosse mudo, quieto, 

Sereno, completo, único e uno.

 

Sento-me à mesa

E na cadeira em frente não estás

Reparo que estou só 

E não tenho apetite

Quero apenas repetir os gestos

Como sempre. Como nunca!

Ensaiar uma última vez. 

Para isso chegam as vitualhas

Que sobram na memória, 

O cenário e a luz mortica da lua

Afinal tudo é magia. 

 

O acto acabou. 



carlos arinto maremoto às 23:02
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Brexit

A cozinheira foi-se embora

Acabaram-se os imigrantes ilegais.

Gosto de te ver ao sol posto

Num crepúsculo cinematográfico. 

Enquanto o bar-tender não chega. 

Bebe qualquer coisa, para animar. 

O dia continua noite adiante

Tudo se há-de arranjar. 

Vem, comigo, para a pista e... 

Dancemos! 

 

E neste encalço 

Não morreram vacas, 

Nem morreram bois

(tradicional beirão) 

Pois no Marão, mandam os que lá estão. 

 

123

Queres que explique outra vez? 

 



carlos arinto maremoto às 11:00
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Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2020
O beijo

Beijo a tua boca

Que me sabe a luar

E nesse mergulho

De sabores

Sou toda a montanha

És todo o mar

Somos o momento

Sem pensamento. 

Em

Eclosão dos sentidos

Em

Paixão sem razão

Em

Ternura e carinho

Somos 

Infusão 

Corpo que se abre

Como um vulcão. 

 

Um beijo

Tem o fascínio do mistério

O segredo do oculto

A ilusão do segredo

Um beijo é sempre uma surpresa

Uma voragem de fractais

Uma rosa

Nada mais! 



carlos arinto maremoto às 05:03
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Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2020
A flor da pele

A minha pele

Tem flores

Não é branca

Nem preta

Nem amarela

É da cor de todas as flores.

 

A minha pele

Está sempre florida

Nascendo na raiz

E cobrindo tudo

Num halo de luz. 

 

A minha pele 

Florida 

É o mundo

Que me veste

Os sonhos, 

Os desejos

De onde vim

O que sou

E para onde irei

No fim. 

 

Eu sou a pele que me veste. 

 



carlos arinto maremoto às 07:54
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Segunda-feira, 17 de Fevereiro de 2020
O falso e o mentiroso

Sinto muito

É uma dor fininha

Uma pontada

Uma coisa de nada

Mas que dói. 

Sinto que lateja

Que pode ser brotoeja

Que irrita. 

Sinto que fico destroçado 

Arrepiado

E com pele de galinha

Sinto-me abalado. 

 

Sinto muito

Digo sem convicção. 

Afinal não senti nada

Não foi de coração 

Era, apenas, comichão. 

 



carlos arinto maremoto às 14:53
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Domingo, 16 de Fevereiro de 2020
Rio Douro e afins

O céu e a terra

São a mesma coisa

Só que em perspectivas

Diferentes.

 

Eu quero olhar

Para além do rio

Das nuvens

Do silêncio

E do momento. 

 

Eu quero olhar! 



carlos arinto maremoto às 11:43
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Sábado, 15 de Fevereiro de 2020
O pássaro

Hoje vi um pássaro no céu

Que voava como um relâmpago. 

Tinha asas e bico, penas e patas

Como todos os pássaros. 

Era grande e escurecia a terra

Quando passava por debaixo do sol

Subia, descia e fazia circulos

Em volta da torre da igreja

rapinava no chão, raspado com as garras,

e mergulhando no lago, pescava. 

Desaparecia por detrás das nuvens

E a todos assustava.

Era um terror ver um pássaro assim!

Para onde foi? 

Agora que o não encontro

Com o meu olhar, 

Poderá estar, acoitado, atrás de mim. 

 

Hoje, eu vi um pássaro que não existe! 



carlos arinto maremoto às 15:52
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Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2020
À terceira foi de vez

Hoje é dia dos namorados. 

O carnaval são três. 

Três foi a conta... 

Já não me lembro quem fez, 

Mas é verdade, 

Eu estava lá, vi tudo, 

Posso jurar e testemunhar

Que é verdade. 

"Eu seja cego"

(que esteve comigo na guerra

E hoje conduz um táxi em Moscovo)

Assim o dizia. 

Já o resto demorou mais um bocado

Pois só houve descanso ao sétimo. 

Pois Deus, na sua infinita bondade, 

Não deu tolerância de ponto

A ninguém.

Um, dois, três, diga lá outra vez! 



carlos arinto maremoto às 11:01
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Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2020
A guerra é a guerra

A guerra sempre foi assim.

Não há diferença.

A guerra é igual em todas as partes

Do mundo

E no coração dos soldados:

Dizimadora, iníqua, putrefacta

Louca em todas as formas

De celebração.

(puta, rameira, orgiástica, 

Feiticeira, virulenta, 

Viciante, contaminadora

Suicida por omissão) 

A guerra é a guerra

Nas colónias, no ultramar, 

No Vietnam, no Afeganistão

Em Israel na Palestina. 

Nunca se sabe do que se morre. 

Para que se morre. 

Morre-se... 

Apenas. 

Mesmo os que resistem

E os que dizem não!

Morrem devagar na ilusão

De que a guerra (era uma vez...) 

Acabou! 

 



carlos arinto maremoto às 21:08
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Memória da guerra

Eu estive lá 

E vi o que não vou contar. 

Eu estive lá 

E foram muitos os que estiveram

Comigo. 

Eu estive lá 

E foram dias e noites 

De tiros, de mortes, de revolta

E de angústia por não ter razão 

Por que lutar. 

Lutávamos por nós mesmos! 

Pelos que fugiam e desertavam

Pelo inimigo que depois foi amigo

Pelos nossos pais, amigos

Namorada, amante, 

Por todos os que sobravam

Por todos que queriam viver

E soçobrava por não te ter. 

(longe, distante, ausente, 

Sei lá se perdida) 

Eu estive lá 

E regressei com a memoria

Do que não vou esquecer

Do que não vou contar. 

 

 



carlos arinto maremoto às 20:37
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Dia dos amados

Hoje é dia. 

Podia ter sido ontem, ou amanhã, 

Mas é hoje!

Hoje é dia de ser dia do que quisermos

De nós, de tudo, do riso, do sempre

E do absoluto. 

Hoje é dia de namorar

De viver, de casar, de ser feliz

De amar os filhos,

De encontrar outras ocupações 

Belezas, liberdades, ternuras

Todas as oportunidades do universo

E viver na infinita vontade de sermos

A poeira que constrói o espaco

E a natureza e o sol e a chuva. 

Hoje, 

Os deuses, todos juntos

Rindo à gargalhada

Trocando o dia pelo sempre! 

Dançando como não há memória,

porque nunca houve igual, ou

Um dia assim. 

 

Hoje é dia de encontrar os amigos

De gritar, de sonhar e de seguir em frente. 

 



carlos arinto maremoto às 02:45
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