O mergulhão não é um pássaro é um pato.
Mas o meu pato é um pássaro e voa como um açor
Uma águia, um tartaranhão e um condor.
A água abre-se para o receber, de bico espetado,
Com as patas em garra, de asas abertas, o pássaro
Sabe instintivamente que os corpos se penetram
Que a mistura do impulso, o desejo, a atração
E a fusão dos elementos geram novos universos
Fecundando o peixe, a nuvem a luz e o espaço
Entre as estrelas e as energias dos buracos negros
Da germinação das plantas ao alvorecer da madrugada.
De mergulhos percebo pouco. Sei que se fazem a salto
Da montanha para baixo. Do lençol do lago para o fundo
Da corrente sanguínea para o intestino da cabeça para os pés
E percorrendo o abstrato, mergulha-se no fractal da imaginação
Para no imaginário da ascenção ser envolto no casulo...
Da gravidez.
Como vês, mergulho de olhos abertos, sou caravela
Indo ao fundo onde me arranho, nos afagos que saro
Também em carícias quando me amas, e nesse insistir
De bailado de borboleta e de sedução
Voar livre e contente com o que me dás em presente.
Amor, amor em réstia de olhares me embalo e sou.
Minha boca
A tua boca
As palavras que beijo
A língua que mordo
(sem língua não há palavras ditas)
Os lábios, o sabor a saliva
As mãos que amparam
A cara, a cabeça,
Aconchegando o cabelo
Lambendo o teu queixo
São os esteiros da ternura.
A boca, a tua boca.
O beijo e o desejo.
Num flagrante, num instante.
Num dia,
Em que tínhamos saído para apanhar sol
E voltamos tarde para casa.
Meu amor!
Chegaste e ficaste à distância.
Tímida? Receosa?
Como se houvesse por ali um medo
Um espaço difícil de passar.
Não sei se te aproximaste
Ou se fui eu que me cheguei a ti
E acenaste e eu acenei
Como dois seres que estão longe
E se prescutam à distância.
Depois partiste com essa mesma fácil decisão
De virar costas e sair, indo, recuando ou parecendo ficar
Mas deixando de estar ali espalhada por mil fragmentos
Que se dissolvem e deixam de existir, ou nunca existiram.
Entre estes dois momentos de convivio
Fico a pensar que nenhum foi real
E tudo aconteceu como nos contos de magia urbana
Efeitos do ar estragado, dos ansioliticos, da muita fé
E da necessidade de construir um mito.
Tu!
Não consigo dizer melhor
Nem fazer outra coisa que pensar-te
Sinto ternura e carinho no teu olhar
E isso basta-me.
Tudo o resto é literatura
E tempero de manutenção
Sou o fim que os sonhos escondem
E sinto-me feliz vendo os pássaros voar.
Com muito pouco, tenho tudo
E na bruma dos dias que se acoitam
Imagino-te nua feita de marés
Acostada à ternura de uma idade
Que me amansa e me cala.
Depois das máscaras no rosto,
Virão as fraldas obrigatórias
Para quem tiver obstipação.
Não vá o diabo tecê-las.
De há uns tempos para cá,
Apetece-me dizer coisas estupidas
Como amor, querida, gosto de ti.
Será doença grave?
Preocupado,
Desconfio que estou apaixonado?
Nao é ridículo?
É!
Absurdo?
É!
Mas como não ser absurdo, ridículo
E tonto
Se ninguém me quer bem, e sozinho
Luto contra os medos
Em pesadelos de zygentoma
Que me mastiga o cérebro...
Quando dou por isso, é tarde!
Na fagia da vida desapareço, consumido
Rasgado, posto a nu por xilófagos
Que me debilitam.
A paixão é devoradora da razão.
O amor impossivel, volátil, irrisório
A perda total.
Fico com os meus pesadelos.
Assei castanhas, ao serão.
Encosto o meu joelho ao teu
E bebemos jerupiga em púcaros
Que nos lavam o estômago
Enquanto nos beijamos
Com o sabor das castanhas nas mãos.
Ainda há castanhas no borralho
Atiras sal para as chamas
E o mundo faísca em artificio.
Sacodes as castanhas quentes
Que saltitam, abrindo a casca
E brincas com o gosto embrulhado
Da lingua, em sabores de outono
-estão boas, sem bicho,
Este ano as castanhas.
Abraço-te, feliz.
Sorris.
Continuamos a comer castanhas.
O vento faz erguer as tuas saias
Vejo o que é suposto não ver
Mas, porquê? Também eu estou de saia
Uma oferta da minha madrinha
Que me disse, ficas bem assim.
Ambos, não usamos nada por baixo
Mas a minha saia tem um colar e uma bolsa
Que prendendo à frente ajudado por um punhal,
Não deixa a saia levantar.
E por pudor, meu amor,
Sejamos iguais, não quero ver a tua saia levantar
Fecho os olhos.
E tu beijas-me com a saia levantada
Primeiro com a boca, depois com as pernas
Porque iguais e diferentes somos o fetiche
Do ir inventando o que nos dá prazer.
Fazer amor de saias.
O meu corpo não está à venda.
Lanço a âncora no baixio da praia
Para que não naufrague
E aguardo que chegues no estuário
De todos os desejos,
Com teus beijos de prata
E corpo de linho branco.
Remo com o teu corpo em vela
Por cima das tempestades e do mar revolto
Pois sei que estou feliz!
O delta da tua mão dirige o mastro
A bóia, a âncora e o leme da minha liberdade
Ser teu. E descobrir que o amor não se afunda
Com os acasos da vida.
Ao longe o marulhar das guitarras
O som dos cornetins er a flauta do vento
Despem o teu corpo que navega para mim.
Em anéis de gaivota em festim.
O meu corpo não está em venda,
É , apenas, teu!
Era uma vez uma princesa,
Ou duas, porque uma me parece pouco,
Que gostavam muito de principes
E de bolos de chocolate, e diamantes.
Tinham petroleo, em todo o reino
E viviam a viajar entre mundos com árabes
Africanos ditadores e americanos vadios
Experimentando sexos e sexos e sexos
Em alugueres de uso informal sem paparazzi
Que isso era vício de antigamente,
Incluindo outras princesas desejosas de experimentar
Liberdades. Saber quais lhe serviam mais.
Quando estavam sóbrias sorriam
E mostravam-se nas revistas sociais..
Eram princesas normais. Deslumbrantes.
Agora como dantes.
Até com presidentes davam cambalhotas eram poliglotas.
Um dia o pai morreu e as princesas envelheceram
E o conto acabou,
Fechadas num cruzeiro que nunca mais atracou.
Fim da monarquia e das orgias. Fim da putaria.
E as princesas famosas, talentosas, morreram
E nada mais aconteceu. O cronista foi despedido
Pois andava com a princesa metido.
E a rainha viúva disse: puta que as pariu!
E não respondeu a mais nenhuma pergunta dos jornalistas.
Ser original é ser normal.
Que trajes são esses que vestes?
Menores, porquê?
Trajes com que te despes e chegas,
Em esplendor até mim.
Vejo-te, no crepusculo de uma luz adormecida
Sublinhada por uma sombra subtil de baton
Uma linha escura de horizonte a anunciar chuva
Uma floresta de cabelos em copa
abelhas ou andorinhas
que se desfolheiam, zurzem volteiam e apelam
Em armadilha de sereia, chamando...
Os enfeites nos teus mamilos são rosas
umbigo que se mostra garboso
triângulo de luz que oculta sabedoria
Quando convocado pelo teu aroma
Te sugo e te penetro.
Trajes que te vestem, cobrindo os pés em cetim
Os tornozelos em algemas de prata
E nas coxas da tua cintura um ancoradouro
Que me amarra e suporta na escalada de chegar.
Preso pelo teu arnês, pelo teu respirar.
Quero-te menores na gargantilha, nos ombros,
Nos dedos das mãos e nas luvas de espuma.
Baloiça e exibe o teu corpo em trajes
Sem pudor, sem vergonha. Sem medo
Para ser mulher, mãe, mito, ficção ou rainha
Dona de mim, na sedução que me alimenta
No júbilo de te ter, e de te possuir.
Eu me ofereço. Tu te dás!
A vida "não está para modas"
A vida é assim, independente,
Feita das modas da gente.
A vida tem o encanto de ser vivida
E de ser calmamente, urgente!
Quem se despe agora!?
Que a depressão chegou.
Botas até ao joelho,
Meias de lã,
Camisola a condizer e impermeavel
Gorro azul, óculos e leggings a destoar
A senhora, a menina, a minha deusa,
Não usa lingerie. Seios libertos
Nada no piríneo que é meu e nosso
E como uma lareira aberta
Efervescente, doce, dormente,
Tudo aquece e faz enlanguescer
Com chuva e vento meão
O frio nos entusmece e a noite fica
Raiada de fogos, de explosões, de cores
E de sabores, quando cansados:
o dia começa .
Estava programado, no íman colado
Ao frigorífico da cozinha
Que a tempestade se avizinhava
Que tudo seria em tufão, arrastado na cama
Terminado no chão.
E que depois de cada insurreição
outras se seguirão.
Todos os dias em que tremendo de frio
Nos façamos borboletas a acasalar
E o Inverno seja tornado inferno.
Como eu gosto, como gostamos
Foder sem parar!
Dona Virtual era uma pessoa culta:
Dizia frases em inglês.
Sabia "mexer" na informatica
E quando "chegava" quando via novelas
Na TV, e
Gritava: oh! My god!
Porque é fino ter orgasmos em inglês.
Dona Virtual consolava-se com amor
Vêndo os actores, as actrizes
E até aquele cãozinho fofinho, porreiro,
Sempre com a língua de fora,
Quem os dera ali
A oferecerem miminhos, a fazerem festinhas
A partilharem o sexo... Em si, consigo
OH! My God! Já estou com os calores
Abram-se as persianas que o meu vizinho
Também gosta de ver... Ameijoa fresquinha
Lambujinha molhada a saber a mar
Venham "percebes" neste mar mergulhar.
OH! My God! Dona virtual está de novo a surfar.
Pranchada no rabo, como lhe batiam, antigamente
Na escola e o padrasto,
É muito galope, muito volteio,
Amansa-se agora
Depois que - oh! My God! - depois que se veio.
Que disparate,
O homem sexual
A mulher sexual,
A árvore sexual,
A couve sexual,
A garina sexual,
Os kids sexuais,
O cão sexual,
O urso sexual,
O actor sexual,
O transformista,
A terceira pessoa do singular,
E do plural, também.
A rocha sexual,
A rocha?
Sim, o rocha, aquele colega da expedição,
Não sabias?
E nessa manhã, que começou enevoada
E assim continuou pelo dia fora,
Ficaste nos lençóis de flanela embrulhada
Passando uma mão pelos seios,
Outra pelas pernas, sonhando comigo.
Que pretensão?!
Abriste a boca e dardejando a língua
Salivaste e com as pernas unidas
Os músculos retesados e os olhos fechados
Disseste o meu nome.
Que pretensão!?
Gritaste como sempre fazias quando o amor
Acontecia.
E eu, que estava a muitos quilómetros de distância
Senti-te e admirado pela sensação que me rasgava
(como se uma pata de ursa me fendesse as costas
Fazendo-me entrar na caverna que se escancara
E fecha e abre, ditas as palavras magicas: amor, amo-te! )
Gostei ainda mais de ti.
Todos nos exibimos e olhamos
Mas... vamos dizer que não!
Que somos recatado e até nem gostamos
Da nudez.
Nunca admitimos que mentir é não dizer
A verdade.
Mentir é "apenas" ocultar, disfarçar,
Criar um paralelo onde achamos que vivemos
E onde todo o contrário é presente.
Depois, fazemos o disparate de ignorar
De ter medo, de ser tresloucado e viciado
E no fim ignorantes.
O perverso é apenas o mesmo
Que todos nós
Espreitado por encantadores de serpentes
Violado.
Que nudez pode ser mais fiel
Do que a nossa?
Flagelar para sofrer o amor, e porque não?
E todas as mágicas torturas de arresto,
Máscaras, pés e mãos presas ao sentimento
À imaginação, ao momento divino do inventado
Na ousadia de ultrapassar os limites
Que buscamos mais além.
Somos felizes na perversidade das nossas fantasias
E na obcessão das nossas diversidades.
E agora, que já filosofámos
Façamos a orgia dos nossos prazeres.
Não há aqui ofensas,
Mas, não somos putas.
Vê só como nos fechamos para viver
Quando o amor pede o contrário
Vê só como nos encerramos em nós
Para não mostrar que estamos sós.
(as palavras que nao ousamos dizer
Escondem desabafos: Foda-se!
Ocultamos que gostamos de foder,
Porquê? Foda-se, porquê?
Nós damos, as putas vendem
Somos o gosto, o grito e a blasfémia da união
E nesse comunicar nos tornamos humanos
Selvagens e iguais.
Um dia,
O erotismo estava cansado e resolveu despir-se.
Abriu o fecho da blusa, puxou a camisola para cima
E mostrou-se com os seios destapados.
Abanou a cabeça, chocalhando os brincos,
Despenteou os cabelos, e passou uma mão pelo pescoço.
Foi uma trovoada seca e perfeita que salpicou os braços
Do erotismo, eriçando os pelos, retesando os músculos,
Fazendo-os levantar e rodopiando mostrar as axilas.
Um sapo que por ali passava deixou-se maravilhar
Com os tornozelos nus das pernas que saltitavam
Em espiga de trigo ruivo, esbelta e solteira
Espreitando para umas coxas que se abriam
Lá no alto, onde o sexo fendia.
E na curva de um seio, no montículo da barriga
Ou na espalda da cintura o erotismo vivia e se alegrava
Aumentava, crescia, espalhava feromona e,
Sorrindo, galhofando e seriamente chamando
Em apelos que não admitem um não!
Os lidimos pássaros que em seu redor voavam.
O erotismo
Tremelicou com um arrepio de satisfação sacudindo o rabo
E mostrou montes e vales, grutas e caneiros
Por onde escorrem os veios da vida e os ciclos da ressurreição.
Deixando que glúteos fermentados, maturados,
Sejam apreciados, mexidos, apalpados, consagrados.
Engravidou nas palavras do excitamento, drapejou a lingua
Foi abençoada por sátiros e tornada fecunda por nascentes
De água pura que no meio de orgias brotaram
Diabos, cornudos, duendes marrecos e gigantes formões
Todo gozaram e o erotismo foi amor.
Os meus links