Não há aqui ofensas,
Mas, não somos putas.
Vê só como nos fechamos para viver
Quando o amor pede o contrário
Vê só como nos encerramos em nós
Para não mostrar que estamos sós.
(as palavras que nao ousamos dizer
Escondem desabafos: Foda-se!
Ocultamos que gostamos de foder,
Porquê? Foda-se, porquê?
Nós damos, as putas vendem
Somos o gosto, o grito e a blasfémia da união
E nesse comunicar nos tornamos humanos
Selvagens e iguais.
Um dia,
O erotismo estava cansado e resolveu despir-se.
Abriu o fecho da blusa, puxou a camisola para cima
E mostrou-se com os seios destapados.
Abanou a cabeça, chocalhando os brincos,
Despenteou os cabelos, e passou uma mão pelo pescoço.
Foi uma trovoada seca e perfeita que salpicou os braços
Do erotismo, eriçando os pelos, retesando os músculos,
Fazendo-os levantar e rodopiando mostrar as axilas.
Um sapo que por ali passava deixou-se maravilhar
Com os tornozelos nus das pernas que saltitavam
Em espiga de trigo ruivo, esbelta e solteira
Espreitando para umas coxas que se abriam
Lá no alto, onde o sexo fendia.
E na curva de um seio, no montículo da barriga
Ou na espalda da cintura o erotismo vivia e se alegrava
Aumentava, crescia, espalhava feromona e,
Sorrindo, galhofando e seriamente chamando
Em apelos que não admitem um não!
Os lidimos pássaros que em seu redor voavam.
O erotismo
Tremelicou com um arrepio de satisfação sacudindo o rabo
E mostrou montes e vales, grutas e caneiros
Por onde escorrem os veios da vida e os ciclos da ressurreição.
Deixando que glúteos fermentados, maturados,
Sejam apreciados, mexidos, apalpados, consagrados.
Engravidou nas palavras do excitamento, drapejou a lingua
Foi abençoada por sátiros e tornada fecunda por nascentes
De água pura que no meio de orgias brotaram
Diabos, cornudos, duendes marrecos e gigantes formões
Todo gozaram e o erotismo foi amor.
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