Chegaste e ficaste à distância.
Tímida? Receosa?
Como se houvesse por ali um medo
Um espaço difícil de passar.
Não sei se te aproximaste
Ou se fui eu que me cheguei a ti
E acenaste e eu acenei
Como dois seres que estão longe
E se prescutam à distância.
Depois partiste com essa mesma fácil decisão
De virar costas e sair, indo, recuando ou parecendo ficar
Mas deixando de estar ali espalhada por mil fragmentos
Que se dissolvem e deixam de existir, ou nunca existiram.
Entre estes dois momentos de convivio
Fico a pensar que nenhum foi real
E tudo aconteceu como nos contos de magia urbana
Efeitos do ar estragado, dos ansioliticos, da muita fé
E da necessidade de construir um mito.
Tu!
Não consigo dizer melhor
Nem fazer outra coisa que pensar-te
Sinto ternura e carinho no teu olhar
E isso basta-me.
Tudo o resto é literatura
E tempero de manutenção
Sou o fim que os sonhos escondem
E sinto-me feliz vendo os pássaros voar.
Com muito pouco, tenho tudo
E na bruma dos dias que se acoitam
Imagino-te nua feita de marés
Acostada à ternura de uma idade
Que me amansa e me cala.
Os meus links