Quando gostamos de uma coisa
Repetimos.
Amor, amor, amor, gosto de ti.
É comemos chocolates e repetimos
E comemos mais chocolates
E repetimos:
Amor, gosto de ti!
Saciamo-nos comendo
Pezinhos de coentrada
Peixinhos da horta
Lampreia de ovos
Sopa de penca, enguias fritas
E filhoses.
E no mantra que é lengalenga
Repetimos: amo-te, adoro-te, quero-te muito
E baloiçamos uma oração descansada
Um pregão ciciado, um repouso de conforto
Segurança, protecção.
Amor, amor, amor.
E o mundo fica mais belo!
O banco tem o comprimento dos assentos corridos das igrejas.
É largo e permite que todos se apoiem e descanssem
Enquanto de mãos dadas os pares nubentes se olham.
(grupos, adeptos, fanáticos e miserabilistas, políticos da oposição e até empresários da restauração em greve de fome)
O amor que por aqui circula é amor de ocasião,
Trazido pelo abandono, pelo delírio em ser possuído
Pelo sangue do diabo, pela crueldade dos famintos
Pelos cornos de Belzebu: o embusteiro!
(acabaram-se as feiras e a experimentação seduz, toda a radicalidade tem o fascínio do perverso)
Há amores que incendeiam. Amores que são derrotas.
Amores que não deveriam existir. Amores que estropiam.
E na sela onde sentam os embustes que amam sem amar
Desfaço o nó que uma fumarola , rodeada de chuva aspergida
Me tinha ligado a ti, como uma dança fatal de bruxedo,
Uma picada de aranha venenosa ou um equívoco
Adquirido em promoção de negócio alucinado:negro.
Sim o divórcio é um desfazer de coisas que nunca deveriam
Ter sido feitas, pensadas ou tentadas, pois estiveram sempre
Condenadas ao fracasso. O amor também é fracasso)
Com o aparecimento dos aspiradores e discos de limpeza
As bruxas construíram o museu das vassouras
Dos ugentos, dos óleos e os fetiches desamarraram o enguiço
Que como balão preso, em aerofagia voou.
(incluir o zig-zaguear da borracha e o barulho das gaivotas)
E agora já não há amores negros, nem tolos no rebanho.
São todos "meninos de coro"
E aumentam os casos de suicídio no Japão!
E por cá? Perguntas! Por cá não há estatísticas!
Na escada que leva ao meu terraço
Toda em laje, pedra brita e xisto
Crescem musgos que são lapas verdes
Que estão ali, desde o tempo da criação.
Resistem todo o ano.
Assistiram ao meu nascimento,
Foram comigo à guerra,
Lembram-se que houve casamento,
Batizado e namoradas dos netos
Em idades que são modestas vaidades
De gerações que vão existindo,
Por ali vivendo, aquelas pedras subindo.
O meu avô e o meu neto são o musgo
Que trepa, se aloja, esconde e isola
Nas pedras da escada que levam ao terraço,
Ao cimo, às oliveiras, às colmeias, às roseiras
E ao amor que sempre mora ali.
Sao paredes, árvores, tetos e soalhos
Adobados a amor, a beijos, a desejos.
Onde o meu pai matava galinhas, coelhos,
Por vezes porcos com a ajuda do capador
Onde a terra varrida pelo vento se inventa
Debulhando espigas de milho ou eiras de feijão
Onde o forno alto de coser pão, broas e cabritos
Se ilumina nas noites de engravidação
Que as mulheres invocam e benzem
Acrescentando.
Sou o mesmo musgo que meu pai criou
O fofo cabelo de areias e seixos que minha mãe amou.
Sou a permanência que liga todas as coisas,
Sejam elas matos, bichos, ervas, animais ou insetos
Todas as coisas a nós.
Sim, a casa faz parte de nós e nós da casa.
Mesmo ambulantes, itinerantes, vadios,
Nómadas e peregrinos, soldados e velhos cansados
O musgo reserva a minha unidade que regressa
Em cada retorno. E sobe comigo as escadas
Em pedra, em laje em xisto em passos cansados,
Até ao terraço, à eira, ao socalco e aos céus
Dos sentimentos onde sepulto a minha alma.
Na terra que comigo caminha. Musgo meu.
Questiono o amor ao clube desportivo
O amor à política,
O que dizem ser amor aos carenciados,
Os que amam as tribos, as religiões,
Os iluminados, os que confundem amor
Com alcoolismo, com drogas duras,
Com alienação e dependência.
Vêm isto no capitulo do amor
A propósito dos crimes ditos de amor
Da intolerância e da posse
Da prisão de não saber amar, mas subjugar.
O amor é compreender e ser correspondido
Porque não há amor de direcção unica
Amor hermafrodito ou narcisista. Auto-amor
Ou amor doença, desviante.
Amor que se quer confundir com imposição.
Seria bom que pensassem os um pouco
Nisto.
Se me esqueço nem atribuo importância aos sonhos
Se sou desprendido de amores, de vidas, de entusiasmos
E se ainda sobrevivo na ignorância de onde estou,
O que faço aqui?
Certamente nada, ou muito pouco, ou até impecilho.
Por isso tomo notas no tal caderninho das memórias
Para verificar - todos o a dias - se estou vivo
Se persistem as razões dessa constatação e se...
Fazem o favor de me dizer as horas, porque acordo cedo
E o inverno não me deixa perceber se está a comecar
O dia, ou se já é a noite a baloiçar para mim.
Nós, as anémonas somos assim. Tranquilas.
Temos sentimentos escorregadios. Pólipos e medusas.
Nao respiramos, somos enfeites e predadores
Queremos distância dos humanos. Não temos amores
E estamo indiferentes e apóstatas para vocês todos.
(possuímos as nossas próprias cores, que são bem bonitas)
Vieste me dizer que foi por acaso.
Acontece!
Na vida o acaso é fundamental.
Foi um acaso ter-te encontrado
E num acaso te amei
Como de ti sempre gostei.
Se te lembrares, no dia do nosso reencontro
Lá onde se unem todos os que por acaso ali andam
Dá-lhe cumprimentos meus e diz-lhe que foi bom
Haver acasos assim. Acasos que ficaram
(eternamente) parte de mim.
O tempo torna-nos diferentes.
Nem melhores, nem piores, diferentes.
Outros!
Alguns,
Continuando os mesmos, porque também dizem
Que nunca nos modificamos, vão ficando
Azedos! Amargos! Indiferentes ou radicais.
Outros tombam para a indigência da abstração.
Tornam-se Santos, fanáticos do futebol,
Militantes de seitas com nomes pomposos
E sabáticos.
O tempo destrói o amor, ou faz hábito da sua indiferença.
Não cresce com a saudade, cria ilusões e mentiras
Que se disfarçam em carinho, respeito, dependências.
O amor explode quando se banaliza e mata quando é traído
Confundindo-se com todos os seus contrários :
Ódio! Vingança! Repulsa! Chacina! Alienação!
O amor! Ah! O amor é álibi para o que se quer
E na indefinição da sua construção, serve para todas as jogadas
Das causas, às pedradas, da desgarrada ao crime mais hediondo
Melhor seria que o desprezassem, é dele apenas fizessem
- o quê? Talvez croquetes ou pataniscas!
Sempre alimentavam país , filhos, netos, amigos e outros carentes
Que o tempo não está para bravuras.
E assim, incomodado com a minha perplexidade
Fico a pensar que tinha razão quando disse:
- o amor o que é? Um sentimento cheio de nadas!?
E decido não me preocupar com o absurdo da relação
Entre corpos, atrações, paixão, palavras simpáticas
E gestos oblíquos.
Eu tinha a certeza que o amor era nada,
Um mito que justifica tudo e conforta a consciência
Para maus pensamentos e piores acções.
O amor é uma doença e como todos os males
Precisa, de ser tratado. Tantos livros, histórias,
Romances, poesia e mais poesia, e afinal
Tudo serve para fazer crer e construir fé
Mas não resolve o que fazer e o querer bem.
Já sabia que amor e amarração são sinónimos
Agora tenho a confirmação, a certeza, o desvario
De julgar pelas tuas mãos, de olhar pelos teus olhos
De beijar pela tua boca e de sentir pelo teu corpo
tudo o que a natureza produz em seus mistérios:
Luz, cores, explosão, sons e espaço, muito espaço
Para se viver o turbilhão pleno e sereno da vida.
Vês! Não se pode resistir ao amor!
Criar e destruir, são actos do mesmo impulso.
Queria escrever sobre as tuas mãos
De dedos longos e finos,
Sobre a tua boca, o queixo, o rosto
Numa tentativa de te descrever
Mas não consigo.
Queria falar dos teus olhos
Descer pela curvatura da face
E poisar no teu pescoço
Como se estivesse a aprender a esculpir
A perfeição.
Queria olhar os teus cabelos
E sentir o perfume de todas as flores
Que são de cheiro e de mar.
E na fragilidade da tua presença de bambu
Sinto-me diferente. Talvez melhor
Ou quem sabe perdido no sabor da indecisão
De perceber quem sou e quem és!
Mas, o melhor será nada querer
Imaginar-te e viver como se o impossivel
Fosse... Impossível!
Estamos fartos de histórias de amor
Que acabam mal.
De heróis que se matam. De felicidades
E de impossíveis realizados. Não!
A nossa vitória é outra, é ser divinamente
Feliz e ter a força do universo
No segredo que ocultamos, entre mim e ti,
E nos beijos que todas as noites damos
Sabendo que nos amamos, como se isso fosse
Uma coisa normal, natural imprescindivel
E sem a qual seria impossível existir
(quanto mais viver)
Era sobre isto que te queria dizer, falar, confessar.
Estando calado no silêncio das palavras!
Encantado
Com as tuas plumas de pintainho
Acabado de nascer,
Fiz-te um carinho
Era ainda manhã e o escuro desaparecia
Quando abriste os olhos e me sorriste.
Encantado,
Como ave hipnotizado pelo olhar do gato
Não me mexi, e assim fiquei
A olhar para ti.
Depois o dia cresceu
E o nosso amor viveu
Encantado
Como leite derramado em chocolate.
Sinto o cheiro das ondas. (sim, cheiram a altas montanhas,
A barcos afundados, a terríveis dores) e solto o berro da gaivota
- Breee!!! Breee!!! Bree!!! Bree!!! Bree!!! Bree!!! Bree!!!
O vento afia as garras na espumas dos novelos de água
As nuvens vêm ver o que é e ficam baloiçando entre uma valsa
(frágil, ligeira, uma quase ampola de fragância e divergência)
E as pedras. São conchas, areias e medo. São aranhas do mar.
O teu silêncio perturba-me
Entristece-me. Deixa-me morto.
E então, esqueço o que sou e sonho pregões antigos
E outras cautelas para te buscar
Nem sempre o amor salva vidas
Mas posso tentar.
De novo por aqui!?
A comer castanhas, rebuçados e vinho rosê,
Mas, é mesmo você?
Não o esperava tão cedo, ainda agora chovia
Tenho ideia que o vi, no outro dia,
Mas posso estar enganado, sou civil não soldado
E nesses tempos de arrependimento
Quero-te toda, não um bocado.
Sim, esmoreço aqui.
Ensarilhamos as pernas em cruzeta
De armas aperradas ao peito
Ficamos na maresia, entre algas, sargaços
Caranguejos, amêijoas, canivetes
E eu gosto de te lamber a comer sorvetes.
É tudo uma tramóia despida,
Um bikini de sedução
Voaremos juntos, empresta-me as asas
Agarra na minha mão.
Tenhamos em atenção o bolo de chocolate
Ou o de bolacha,
Ambos calóricos, saborosos, doces...
Um doce tem de ser doce.
E a musse do dito chocolate?
E a baba de camelo?
Derreto-me antes de engordar,
Lambo - te antes que o doce seque
Cristalize e se torne uma parte de ti.
Também se faz doce de batata doce
De alfarroba ou de pétalas de rosa
Com açúcar, muito açúcar e leite
Mexe-se com a cana do mesmo (açúcar)
E se estiver espesso, como calda de morango
Passe-se um dedo pelo ovo batido
E mergulhe-se na vagina da provação.
Tome-se todo com o devido respeito
Amor e adoração.
Há um silêncio de vida, de arrependimento
Um silêncio de túmulo que uns idiotas rompem
Colocando motores de carros a trabalhar
Por se julgarem úteis, pavões e negacionistas.
Há um silêncio que nos classifica
Um bruá inútil que se extingiu
Uma réstea de verdade que como onda
Limpa todo o lixo excruciando o mal.
Homens e mulheres mudos andam em circulos
Viaturas automóveis outra vez em estertor
E manifestações - algures-- de revoltados predadores
Um nojo, senhores, uma leviandade, uma corja.
Esta seria a hora ideal para disparar e matar.
O silêncio não deixa.
O silêncio abandonou os homens e as mulheres
Dentro de si próprios, no bandulho de si mesmos
E estes, rebentaram como bolhas.
Sim, ficou o planeta cheio de merda
Por força da ventoinha que disseminou
A defecação dos civilizados anormais inquietos.
Há merda por todo o lado
Só se lamentam os doidos que se perderam
Os loucos que fugiram, os berros dos que morreram
Com as tripas à mostra.
Porque quebraram o silencio
Não existe absolvição para o entulho
No desmoronar dos altivos
Nem perdão para as bestas que se alevantam contra
O tempo morrerá, perene. O silêncio fica.
Estranhamente, deixei de ouvir a tua voz.
Foi de repente, como se a trovoada me tivesse ferido
Os ouvidos, o tato, o olhar e até o cheiro que tinha de ti.
Deixei de escutar - que não é o mesmo que ouvir -
Deixei de perceber e de gostar
O que me desgosta é a raiva de não te amar
Porque tudo se estilhaçou nas nossas vidas
E agora é impossível.... Impossível... Impossível!
Sermos nós!
Mas, somos assintomáticos e representamos,
Somos mágicos e entre fumarolas, cheiros a enxofre
Nevoeiros e um Imperceptível som de borbulhar
Ignoramos que o mundo nos tragou
E que a música continua a tocar, como se tudo houvesse.
Con-ti-nu-ado a parar!
E parou, não parou?
(Sim, é nesta estação que eu desço, obrigado! Continuem a acreditar)
Não sei porque gosto de ti
Em tudo divergimos.
Somos o oposto de nós mesmos
E não temos nada que nos una
À excepção, talvez! Ora, por favor,
Nunca o amor uniu duas pessoas.
São fantasias e recados que transportamos
Colhendo polens para alimentos da colmeia
Que nos dispensa e nos despeja
Logo que amansados os instintos.
São desculpas, justificações e absolvição
Para a nossa inconstãncia, ansiedade e derrota
Sim, não é possivel vencer o elefante da vida
E mergulhar na versão da fonte que rejuvesnece
Como chegámos a acreditar na adolescência.
Divergimos em tudo
E em tudo nos separamos.
Porque continuamos a gostar?
Não faz sentido! A vida não faz sentido.
Por isso divergimos e nos amamos.
Uma libelinha, um louva-a-Deus,
Uma figura fininha transformada (por mimétrica magia)
em camaleão, em águia, em leão...
Com dois paus, uma antena e um corpo de cobra
Que se esgueira por entre as pedras do rio
Assim te vejo.
Frágil, sempre desperta em vigilância, vivaz
Refletindo as cores que o universo empresta
Para cegar os inimigos
Esgueiras-te por entre os canaviais e escondes-te
Do tumulto que enlouquece os sonhos da vida.
Assim te encontro.
Desamparada numa haste de sequeiro que sobrou
Ferida!
Todos nós vencemos sozinhos... (os que vencem,
Muitos são destruídos, esmagados e devolvidos ao chão)
Há sempre morcegos, corvos, grifos e predadores que espreitam
Monstros que erguem do passado, túmulos violados,
Quando muito, podemos pensar que não estamos sós.
Mas, estamos! O universo somos nós! Apenas um!
Os alternativos, na demência da reprodução, extinguiram-se.
Nunca mais se ouviu falar de outro assim.
Gosto mais de ti
Com a pele macia e os lábios quentes
Quando estou contigo
Do que nas fotografias.
Fode-me, amor!
Dizes!
E eu deixo que a vontade seja nossa
E a arte silenciosa do afago
Se transforme em tumulto, em trovão
E as estrelas prateadas do teu cabelo
Cobrem-me com beijos e arrepios
E rodopiamos.
Assobio-te um beijo na fotografia
E tudo desaparece!
Não tenho culpa
Voo pelas chulipas da vida
Em rasantes planares
Como o sol, gosto de te amar
De-va-gar!
Os meus links