Aqui não há barcos
A água escorre naturalmente
Das montanhas
E depois, desaparece em caudais
Ou em serpentina pelo chão.
Nas margens repousam fios de verdes
Castanho de folhas e musgo. Acácias,
Carqueja, carvalhos, camélias
E diospiros como luzes de natal.
Toda a montanha se esvai
E sossega por entre penedos e rochas
Que se erguem do chão
E se espalham por povoados
De gente, de bichos e de silêncio.
Há um sol luminoso fazendo espelho
Das águas, dos rios, das quedas
Na força bruta constante de fazer caminho.
Há um sol que acaricia toda a vida
E torna o frio, o gelo e a névoa
Parceiros dos que chegam, cumplices
Dos que estão.
O Inverno hiberna, é nos com ele
Sentamo-nos à fogueira para ouvir uma história.
Sabendo que hoje já nada é assim,
Mas insistimos, pode ser que pelo sonho
Nos tornemos mais jovens! Pode ser!
Embrulhados no frio. Revivemos!
Há sempre aberrações
São conversas,
Diálogos, troca de impressões.
Acredito que está a acontecer
Agora, que foi assim,
Que a atitude conta
Que o palheiro está cheio
E cheira a bosta,
A urze, a flores mortas
A pêlo de animais.
Dei a minha leitura ao escritor
E ele fez literatura e não livro,
De fantasma a anjo,
E depois tudo ficou xiqueiro
Porque era aí que me sentia bem
Não por temporadas
Mas para sempre!
Onde estão os novos?
Os autores e os outros!
A vida e a pigmentação
As horas e as saudades.
Não deixar morrer os autores
A literatura não são histórias.
É uma onda que vai subindo
Um crescendo em forma de lua
Uma batida contínua
Um arrepiar
Uma boca que se abre
Um grito
Um som de cascata a desabar
E na espuma que se asperge
Serpentinas de mil cores
Pétalas, rosas, flores,
Um batuque pauliteiro
Um fustigar
E quando todas as coisas se unem
Meu amor
Assim ficamos em festa
Em explosão, em fogo de artificios
Consumados.
Em êxtase.
Texto escrito após audição do tema "road house blues" dos Doors, cantado por Miley Sirus, com um grupo de músicos excelentes.
Alta noite
Acordo cheio de frio
Sonhando
O que já não sei contar
Em nenhum pormenor
Apenas me lembro
De pensar em ti.
Talvez, também,
Naquele mesmo instante
Tivesses acordado
E destapado o corpo
De cobertas e lençóis
Por causa do calor
E...
Tivesses pensado em mim.
Talvez!
Se dúvidas houvesse
O que faria? Nada!
Ficava na dúvida.
Há dúvidas que não são
Para serem esclarecidas.
São dúvidas de circunstãncia,
Dúvidas de amor,
Dúvidas que também podem ser
Dividas, ou divididas.
Na dúvida eu escrevo ao banco
E anulo tudo.
Na dúvida vou à igreja e pergunto
Deus, tu existes?
Na dúvida aguardo os meses da gestação
E aceito que se não fui eu,
Alguem foi!
A menos que seja natal e aí pode ter sido
Coisa e tal, embora já tudo tenha sido explicado
Que não foi assim.
Ainda não havia, algoritmos na época
E os mágicos não tinham televisão.
(aliás, eles só aparecem lá para janeiro)
Tenho dúvidas que acerte
Tenho dúvidas que aperte
Tenho dúvidas que ganhe
O jogo há-de continuar sempre
Até ao infinito.
Onde o vencedor persistente
Terá duvidas
E será morto pelos que têm certezas.
É uma duvida que eu tenho
Mas, pelo não e pelo sim,
Tenho a certeza de ter duvidas.
Preciso desabafar
Fazer confissão.
Olhar-me no espelho
E dizer que te amo.
Preciso de me encontrar
Encontrar-te
Procurando-te
Encontrar-me
Buscando-me.
Tudo acontece
No tempo certo
E ao ritmo do ciclo
Que não entendemos,
De que não somos
Sobreviventes.
Escrevo
Cristalizando
No mar que pangeia
A minha solidao
O eterno fumo
Do que sou
Ou fui
Na relação invisivel
Que nos une
E nos alimenta.
O amor é uma coisa louca
Que não existe
Há semelhança de outras
Coisas loucas
Que não existem
Mas que nos fazem... (a nós)... existir.
Entardece, entrenece,
Entre! se faz favor.
Vou ali buscar uma cadeira,
Fique à vontade...
Entremezes, fazemos a consoada
A Lisboa, cidade, enamorada
Ou onde os amores se cantam:
Mondego de Inês
(que frio deveria ser aquele palácio
O mosteiro, o castelo o choupal)
Ou as ruas estreitas de mira-gaia
Pois não existe um mira-porto.
Apenas a Foz onde desagua o douro
O vinho rabelo,
Figueira, mais abaixo, onde se mira,
A praia, de toda a beira
Fronteira.
Se enternece outra ó de mira
Já a sul, e mira anda a norte, adentro
E em encantamento se busca
Mira Douro, que pode ser em qualquer lugar
Xisto, rocha, ilha atlantica
Mira Espanha e mira mouros, miramortos
Em Moçambique. mas...
Faça favor de dizer,
Sem adivinhas, ao que vens?
-buscar amor,
- desculpa?! Não entendi!
São coisas minhas!
- minhas, também!
Vermelha.
Gosto de ti todo o ano
E quando te vestes de natal
Fico deslumbrado
Porque as tuas cores me iluminam
Frágil, carente e elegante
Recebes carícias e beijos
Quando te sento nos meus joelhos
E peço um desejo.
Sim, és uma flor
O meu amor.
E todo o ano gosto dos tons
Verdes, alaranjados, vermelhos,
Roxos e amarelados
Com que decoras a janela
Que trago no peito.
Gosto de ti, por causa, dela!
Da chuva, da luz, da floresta
E a recordação de um sorriso
Um beijo, um toque de nada
Uma pétala que me incendeia
E torna feliz, ao ver teu rosto
Nós revérboros da lua.
O meu amor,
Nunca morrerá.
O dia tapa-se de negro
E a chuva faz cortina
Espessa como nevoeiro
Tudo Ocultando.
Um frio de inverno
Anda à solta de parceria
Com chapéus, luvas, gorros
E outros agasalhos.
Há humidade nos ossos!
E as luzes tornam-se manchas
E sinais de alerta, vida ou perigo
Mas ruas molhadas
Em prédios cujas janelas se fecham
E no fugir acelerado dos carros
Dos transportes, barcos e comboios
Em pendulares idas e vindas
Até que todos os passageiros
Se esgotem.
Mas estes, os passageiros,
Continuam sempre.
Noite fora, até serem renovados
Com novos utentes
Pessoal das limpezas,
Novos emergentes que chegam.
Outros que regressam da folia
Mas, a noite, a luz, o escuro
A chuva e a humidade e a mesma.
Não há vento.
Valha-nos isso!
Apenas um restolho de claridade
Assoma de um dos lados da cidade
E o negro fica cinza, quase branco,
Depois torna-se cal e amanhece.
Não tem nada de novo, para dar.
É sempre o eterno amor
A cavalgar, a batalhar,
Por vezes, a atrapalhar.
Passemos às acções seguintes
Ao tiroteio, à violência caseira,
À falta de dinheiro.
O amor que se transfega
Será sempre amor
Até porque o ideal é vender
Comprar e consumir
Como se não houvesse depois
E agora, o mundo fosse acabar
Outra vez!
Os olhos sobressaem
Por cima da máscara.
E uma nova era de pinturas,
Riscos, desenhos, sombras
E sugestões alastram
Sobrancelhas, pestanas,
Ponte entre o nariz.
A cor reflete-se como águas
Que se revoltam, seduzem
E chamam por mares
Correndo desenfreadas por entre fragas
Estreitos sucalcos ou vertiginosos
Caudais de chuva no inverno.
Os olhos dardejam e explodem
Como lume, em labaredas de incontida
Permissividade que transborda
Da nesga que os aprisionam.
Os olhos.os olhos. Os olhos.
Eu sei que são diospiros de mel
Os teus olhos de inverno.
São os teu braços que me acolhem
No doce calor da tua cabeça encostada à minha
Os dedos das mãos que se entrelaçam
O meu respirar tão próximo do teu.
Num afago roço-te pela cintura
E peço-te beijos.
Despes a camisola e lambo os teus peitos nus
Afastas os joelhos para que possa possuir-te
O vizinho, do lado de fora, em frente, espreita-nos.
Ignoramos que nos excita sermos espiados
E fodemos com as janelas abertas
Para que o vizinho se satisfaça olhando para nós!
Meto a minha mão em ti.
Acenas com o meu falo ao vizinho
E eu mostro-lhe o teu rabo
Onde uma lingerie cinza tapa
Os teus anais sonhados
Esperando que o exibicionismo
Possa ser apreciado e imaginado.
Olhamos disfarçadamente para a janela
Onde o ignorado vizinho se encontra
E (com as bocas unidas) vimo-nos
Como represa perfurada e erupção
Desfraldada!
Não é o frio que me preocupa,
Nem a chuva ou as previsões
De pior tempo.
Se o vento não me levou antes,
Se o gelo e a neve não me pararam
Porque haveria de ficar morto
Com o teu silêncio,
Ou omissão?
Sim, é uma arte não dizer,
Esperar para que aconteça,
Ou ignorar o amor que se veste
Dos turbulentos humores do inverno
São jogos, propósitos, aconchego,
Protecção a desilusões
Omissões que me ferem
Compreendendo que tens razão!
Ausente é não estar.
Abro as páginas da vida para te ler
E não estás.
Espreito por entre os bambus
Que fazem biombo entre nós
E não estás.
Alcandoro-me no silvado
Que me fere as mãos e o corpo
Para te adivinhar
E não estás.
Concluo que não estás.
Que não existes
E que sou eu que imagino
O que não pode ser concretizado
Porque, não estás.
Nunca, estiveste,
Desculpa!
Foi a minha imaginação.
Planto árvores,
Raízes,
Espalho terra e húmus
Folhas mortas
Do passado Outono.
Devolvo ao chão as ervas
Que vão crescendo
Com a chuva
A turfa e o musgo
Embelezam a paisagem
Enquanto o frio regressa.
Eu, o meu filho
E os livros que já escrevi
São a minha vida.
Depois olho para ti
E rejuvesneço
Nos pequenos botões
Que Hão-de despontar
Na primavera,
Depois dos nevões.
A vida encanta-me.
Faz frio,
Neva,
Chega vento forte
As ondas crescem
E batem forte.
É assim o amor!
O céu escurece
A terra fica húmida,
As barragens cheias,
Caem árvores
Desabam terras
E os agasalhos fecham-se
Enquanto a lenha arde
E nos aconchegamos
Resistindo.
É assim o amor!
E a vida!
Linda, linda, linda
É quanto me apetecer dizer, quando te vejo.
Nem sei porquê?
Apenas porque gosto,
Porque aprecio o inclinar da cabeça,
O sorrir do olhar,
A medida certa do pescoço.
Linda, linda linda.
Elegante, de silhueta felina,
Deixando uma sombra menina
Na curva do espaço onde se some
E desaparece
Em nevoeiro
Quando por mim passa.
Não resisto em chamar-te, linda,
Quando ao longe te vejo,
E Mesmo que não me ouças,
Passo por ti e continuo a chamar:
Linda! Linda! Linda!
Não te quero ver chorar
Sentir-te triste
Mas isso são desejos que calo e guardo
Porque nada posso fazer para te abraçar.
Estamos longe.
Resta-me imaginar
Desenhando no ar a possibilidade
De um encontro.
Estamos separados por mundos e multidões
Por passados, por vidas, por obrigações.
Tenho-te comigo em todos os momentos
São teus todos os meus pensamentos.
Sempre que me volto e te vejo
(em imaginação)
escapares-te numa esquina,
Caminhar por entre os muitos que a teu lado
caminham e povoam as ruas das cidades.
Abre o teu sorrindo lunar
E faz-me rir. Vou-te beijar!
Mesmo não estando aqui
Sabe a mar simular que te amo
E gosto de ti.
Não tenho nada a dizer.
O amor não é feito de palavras
O amor não é feito de sexo
O amor não é feito de intenções
O amor é:
Um gesto,
Uma caricia,
Um olhar,
Um pensamento,
uma preocupação
Um orgulho,
Uma atenção
Um momento,
Uma compreenção
E tudo o mais que quiserem,
Mas,
Não transformem o amor em
Estouvada vaidade
Ou em vicio,
Porque não é verdade!
O amor semeia-se,
Alimenta-se e morre
Como toda a humanidade
Tem a vantagem de ser
Invisivel,transparente
E nos gomos que gera
Ligar toda a gente.
depois vai...
Se não o souberem reter
Insaciável,
Procura sempre novos parceiros
E tropeça e cai e volta a nascer
E porque é o amor
(quando aprisionado)
Revolta-se e mata
O amor é sempre um sentimento
De liberdade!
Os meus links