Enquanto o mar floresce
Porque é primavera
E os pássaros voam (de volta aos ninhos)
E porque a luz se torna quente
E os corpos se distendem em iris
Em desejo e em chama
Os peixes rumam ao sul ou escalam rios
Fazendo a vida girar como cometa
E no silencio de um vento suão
Deus é o Diabo e o Diabo é Deus.
Maio é o mês que nos liberta
E nos restitui a vontade de viver.
A nossa terra, minha,
Dos meus pais, dos meus avós
E dos meus filhos e netos será.
Terra que guarda o primeiro choro
Do nascimento, o riso da alegria
O batismo, o casamento
E a vida dura de serras e sol
De frio e geadas... de trabalho
Para lapidar os socalcos, os cumes
As poças, as nascentes e o milho
As uvas também e a cabra trepadeira
E hoje de novo a paisagem
E o xisto que nos torna beirões
Ágeis como o açor e resistentes.
A nossa terra
Cujos cheiros são perfume
Na saudade de um regresso
Numa espera de um abraço
Numa vontade de futuro.
Eu quero ter um chão para amar!
A minha terra.
Todos os dias são véspera
Mas o hoje é infinito
Tem a luz da liberdade!
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