Tudo vai de empurrão, que nada permanece no mesmo sitio por muito tempo.
As águas correm levando pedras, terras, àrvores, vidas.
O universo regressa com suavidade
Num raio de luz, numa flor, num bater de asas
Suavemente,
Toda a vida se destroi, sem infinitos
E depois, em volteios tudo renasce
Como se nunca tivesse existido.
Eu vivo num quarto fechado onde a luz não entra. Nesse quarto durmo.
Como não pressinto a madrugada, a noite prolonga-se, e os mortos
Estão comigo, porque eles nunca vêm a luz do novo dia que começa.
(Os meus mortos são só meus, existem porque eu existo)
Celebrar a vida ou celebrar a morte é a mesma coisa!
E amanhã, sem águas em furia,
Depois de todos os renasceres anunciados
A terra secará e mais pessoas se extinguirão
E tudo voltará a ser como dantes.
Eu quero a vela e a caravela que voa no espaço
Em quilhas desfraldadas vou sem rumo
Porque de tudo o que me lembro, guardo o esquecimento
Alguém será um tempo... para nós!?!
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