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Primeiro dia. Hoje cometi uma ilegalidade.(ou terá sido um ilícito?)
Vinte anos depois. A memória persiste em recordar-me coisas do passado. Seria preferível esquecer, mas factos e momentos continuam a assaltar-me a imaginação e a memória. Já nem sei se tudo é verdade ou apenas parcelarmente a verdade existe, sendo a outra parte fruto de delírios febris ou convulsões de quem se desligou do mundo e da realidade.
Claro que me faltam as forças para encarar a vida.
Concluo que “eles” acabaram por chegar e me levaram. Não foi tão mau como imaginava e nem sofri muito. Quiseram-me culpar, como é costume, nos costumes da vida em grupo, mas resisti. O processo foi arquivado. Mal, como é costume, mas o “sistema” funcionou. Tudo se resumiu a acusações, coimas, dividas, juros, ameaças, mais ameaças e tentativas de coação. Injunção e palavras de cassetete. Fiz como alguns isópodes, enrolei-me sobre mim próprio e deixei andar. Como diria o Fernando Pessoa: “não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada” por isso…recuso-me a alimentar a voracidade dos esquadrões de advogados, policias, juízes, carcereiros e agentes de solicitação. Sei que sou culpado! Quem o não é?
Continuo a “ ter em mim, todos os sonhos do mundo”.
Agora: prescreveu!
(enxerto de um conto com o titulo "Cul-de-sac"
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