Um risco cinzento atravessou o ar
Depois foi-se alargando em bolha
Em estrada em cruzeiro em mar
Até que todo o firmamento
Ficou cinzento.
Podia ser apenas um fim de tarde
Uma emergência da noite
Um mudar de cenários e de teatro
Mas foi tudo isso e o seu contrario
O que na ocasião aconteceu
E o mundo ficou cinzento em definitivo
Morreu cinzento, cinzento se apagou
Como todos os exangues e todos os moribundos.
Um lápis, uma sombra, uma nuvem
No desenho das linhas com sons cavernosos
Esgares estranhos, faces oblíquas cortadas
Foi tudo o que restou do súbito escurecer
Que cobriu a terra e a terra... feneceu.
Na noite o pardo é gato, homem ou lobisomem
Mas, naquela tarde sombria a noite não veio
O dia acabou e sem noite, sem dia
Nada mais houve, nada mais mexia.
O cinzento ficou!
Cinzas de cinzento poeira
Garrote na jugular.
Os meus links