É domingo, de novo,
O que acontece, todas as semanas
De seis em seis dias
E não tenho melhor forma de explicar
uma vez que sempre me surpreendo
Domingo, outra vez.
Já morreu meu pai. Já morreu minha mãe.
Domingo.
Toma lá domingo, outra vez.
E o meu filho que ontem era pequeno e hoje...
Continua a ser,
(que para os pais os filhos nunca crescem.)
Toma lá domingo, outra vez.
Parece um xarope, uma doença crónica
Uma carraça ou uma nódoa que não sai.
Domingo!
Mas, estava eu a dizer-vos isto, quando
Ouço os mamutes que se levantam
E em manada seguem as pegadas, uns dos outros
Em sons compassados, secos, ocos, ribumbantes
No apartamento ao lado, na casa, lá da cidade.
Só no meio do casario é possivel ouvir o som dos mamutes
Sentir a sua inquietação, o desassossego, o restolhar
Eles sabem que são - ali, na cidade - uma aberração.
Deixo-lhes amendoins junto da porta de entrada.
Não são só as pombas que precisam de ser alimentadas.
A cascável do terceiro esquerdo veio roubar o leito do gato
O aranhiço do sotão reparou as fissuras do prédio ,
Usando a técnica dos paraquedistas,
descendo à cave preso preso por cordas.
A lagartixa tem cá o seu namorado e hoje é dia
Do veado andar com os cornos no ar, há missa no sobrado
E o domingo tem o rosto de um tratador de leões do circo
De um cigano que estende na lona,os produtos para venda
Na feira. De presbiteros que reunem a congregação.
As flores e as crianças não sabem que é domingo, e por isso..
São as unicas que permanecem felizes.
Os meus links