Pode ser que o mar continue lá ao fundo
Pode ser que as ondas se aproximem e se desfaçam
Em branco, em espuma, em novelo,
À beira dos meus pés
Embrulhando os nossos pés.
No areal coberto por um véu de água
Pequenos caranguejos, estrela do mar
E estranhos líquenes que vão e vêm
Com a maré, andam por ali solitários
Ocupados em construir o puzzle do universo.
Pode ser que tudo continue igual e azul
E em redor,cresçam árvores e arbustos verdes,
Flores vermelhas, rosas e lírios, espontâneos lilases
E haja insetos e répteis e borboletas e gaivotas
E até … quem sabe ….
Pessoas continuem a povoar este planeta
Como se nada acontecesse de diferente
Estranho ou incomum, diferente ou inocente.
A humanidade está cheia de mitos
De lendas e de bichos que nunca existiram.
Mundo feito de invisíveis coisas,
Outras, tão imensas …
Que nem se conseguem ver.
Pode ser que a vida continue
E tudo sendo diferente, seja como sempre foi:
Igual, igual, igual, igual...
Adamascado de sentires e sabores.
Coloridos perfumados.
Passeio o corpo na praia enevoado de medos
E... enfeitado com sol, e os temperos do mar.
Abrigo-me
Nos sorrisos que a penumbra oferece.
No sombreado de uma gaivota que passa
Numa fatia de escuro que a falésia projeta
Quando o sol lhe vergasta as costas.
O mar embala o amor só para mim.
Um imenso horizonte de velas e luas espreitam
Na infinita auréola que chega com o entardecer
Abro os braços e agradeço.
Hoje foi dia na praia.
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