1.
Os Corpos rolam pelas pedras, em todas as ruas de Lisboa
Que pedras já não tem. Pedras antigas, descalças.
Num vão de escada, numa alçada, num ninho de águia peneireira
As pedras de Lisboa são sóis, fogueiras... ágapes de culto
Corpos que trazem chuva e orvalho à terra, e nela espigam
Florescendo e enchendo os campos de papoilas, rosas, cheiros,
Amando tudo o que respira no silêncio de um olhar, num sorriso
Na flauta de um amanhecer cantado, em água fresca e movimento.
Missa, procissão, entorna de queijo em dia de largada de borboletas
Pássaros e nuvens em torvelinho. Lenha queimada. Alvorada!
Quero-te comigo, mulher, deusa, relâmpago. Vigília de sal:
Um raio de sol que se torna chama, fruto, verdade e paraíso.
Um risco, no cetim dos orvalhos, um traço na ligeira brisa, faúlha
No amarelo dos plantios, cheios de rouxinóis e sapos e gargalhadas
No negrume verde dos azuis, em todos os canaviais, que são alma e fado
Chicote, vergasta , açoito. Morno delírio da sedução. Beijo!
Estendemos a mão à foice das palavras para dizer: serenidade!
No ocaso da génese e da gestação. Sempre madrugada e início.
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