Lamento. Tenho mais que fazer
Que escrever poesia.
Ou contos, ou literatura,
Ou outra coisa do género
Como canções e teses de doutoramento
Lamento,
Estou ocupado a não fazer nada
Aguardo a chuva e o inverno
A geada e os dias frios
Na minha almofada emborralhada
Por estas vagas de calor
Que me matam a paciência.
Não vou de férias, porque não vou,
Não quero, não me convencem a mergulhar,
Fico aqui. Vigilante.
Alguém tem de combater o insurgente
Monotorizar (agora diz-se assim)
O degelo das calotas e o aparecimento
De fósseis e vírus com milhões de anos
Soterrados e agora descobertos.
(antes dos dinossauros, muito antes)
Libertos, seria mais correto dizer...
Temos de estar atentos.
Morrer, sim, mas devagar. Lamento.
Manifesto a minha indisponibilidade
Para morrer algum dia.
Fico aqui. Não vou!
(Mais um não-poema. Numa corrente de escrita que vou inventando o sorrindo)
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