Sim, era um veículo da infancia
Com três rodas.
Rodava à volta da mesa lá de casa
Enquanto durava uma música no radio
Depois era a vez do meu irmão.
Nós crescemos e o triciclo lá ficou esquecido.
Vieram as bicicletas, as vespas, as scooters, as motos,
Os carros movidos a gasolina, gaz, electicidade
As trotinete e os toboggans, os skates, os hoverboard
A inteligência artificial e o andarilho
E nunca mais se falou no triciclo.
Adeus, ó meus amores, quem resta?
Uma Padiola erguida por servicais.
Como sempre viajaram os senhores
Na Madeira, na Europa, no mundo
Numa rede, com varapaus levados em ombros...
Até ao destino, das férias, do casamento,
Do batizado e da procissão final.
Que mais queremos?
-um triciclo para pedalar!
Atrevi-me a sugerir, com voz fraca.
- talvez no próximo natal, ou quando fizeres anos.
Ouvi a minha mãe responder.
Morro em lágrimas
E levo comigo esse triciclo da minha infância.
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